Crônica de uma nova Câmara anunciada
Voltei do meu pouco e merecido descanso. Tenho algumas pérolas guardadas, mas a que vai abaixo, publicada no Diário Popular, é digna de nota. A reportagem é hilária, para dizer o mínimo. Alguém acredita que "a maior disputa na Câmara de Pelotas deixou de ser política e atualmente fica por conta de um lugar para trabalhar"? Ora, ora, ora...
Mas tem mais: "não há local apropriado para o recebimento de autoridades, a não ser no plenário, que tem capacidade para apenas 50 pessoas". Será que os vereadores querem mais espaço para distribuir mais comendas e medalhas ao mesmo tempo?
"Cada vereador tem cinco assessores". "Na do PV, embora com apenas um vereador, portanto, seis pessoas com a assessoria, a solução encontrada foi uma escala de horários. O revezamento é a alternativa para que possam conseguir trabalhar, conta Cururu Insaurriaga, ao registrar outra reclamação: a sala sequer tem janela." Será que ninguém, nenhum vereador desta brilhante Câmara teve a idéia ou o bom senso de imaginar que tem muito assessor para cada vereador? O que fazem essas criaturas? Em que trabalham? que documentos redigem, que auxílio real prestam aos vereadores além do tradicional assistencialismo cujo produto é a busca incessante de votos ao seu "empregador"?
Deixei o melhor para o final: "Os vereadores não têm onde atender o público, pelo menos não reservadamente. Esse atendimento ocorre no pátio ou pelos corredores, o que consideram constrangedor". E Câmara é lá lugar de receber pessoas reservadamente? Onde já se viu isso? Que tipo de segredo os cidadãos contam aos vereadores? Constrangimento é ter uma Câmara como essa. Pelotense: a Câmara é eleita com seu voto. Seus impostos pagam esse verdadeiro exército de funcionários que os vereadores têm à disposição para cuidar de seus currais eleitorais.
Mostrem serviço antes, vereadores. Depois pensem em mordomias. Lembrem-se de que tratam com questões como leis, ética, igualdade, trabalho e coisas do tipo. E que devem seu mandato a cidadão que lhes confiaram o voto. Honre-os.
Cidade: O sonho da casa própria
Tânia Cabistany
Toda e qualquer divergência fica em segundo plano na Câmara de Vereadores quando o assunto é a falta de espaço enfrentada pelos parlamentares, assessores e funcionários da Casa. A maior disputa deixou de ser a política: atualmente fica por conta de um lugar para trabalhar. É unanimidade que o local não tem condições de abrigar as atuais dez bancadas, os 18 setores do Legislativo e os 142 servidores (entre cargos de confiança, estatutários e celetistas).O sonho da casa própria, com a mudança para o prédio da Secretaria Municipal de Finanças, no entorno da praça Coronel Pedro Osório, parece estar mais próximo de se tornar realidade. O Banco do Brasil deve se manifestar até o final deste mês se vai mesmo bancar o projeto de restauração, orçado em R$ 4 milhões. Fundada em 1832, a Câmara nunca teve prédio próprio e já funcionou em seis endereços, além do atual, onde está instalada desde 1994. O casarão da rua Marechal Deodoro, entre Doutor Cassiano e Voluntários da Pátria, por onde transitam cerca de 400 pessoas diariamente, não oferece, nem de longe, a estrutura necessária para o trabalho legislativo. São 13 anos de adaptações aqui e ali. Nesse período caiu de 21 para 15 o total de vereadores, mas, em contrapartida, cresceu o número de partidos. Ficou tudo igual em matéria de aperto. Os vereadores não têm onde atender o público, pelo menos não reservadamente. Esse atendimento ocorre no pátio ou pelos corredores, o que consideram constrangedor. Mais ainda: não há local apropriado para o recebimento de autoridades, a não ser no plenário, que tem capacidade para apenas 50 pessoas. "A acomodação é fraca e a segurança não existe", reclama o Professor Adinho (PPS), que ocupa a menor sala da Casa: tem apenas 3,0m x 2,50m e seis pessoas trabalhando nela.
Assessores se dividem
Nas bancadas, quase grudados uns nos outros, os assessores tentam trabalhar. Como é impossível permanecer nas salas todos aos mesmo tempo, eles se dividem, até porque há público à espera dos vereadores e o espaço torna-se ainda mais reduzido. Uns vão para o plenário enquanto esperam para, por exemplo, utilizar o computador. Cada vereador tem cinco assessores. Nas bancadas do PT e PP, onde há três parlamentares em cada, o total de pessoas, somando-se os assessores, chega a 18.Na do PV, embora com apenas um vereador, portanto, seis pessoas com a assessoria, a solução encontrada foi uma escala de horários. O revezamento é a alternativa para que possam conseguir trabalhar, conta Cururu Insaurriaga, ao registrar outra reclamação: a sala sequer tem janela.Mas ter janelas não significa muito, garante o assessor do PDT, Paulo Härter. Na bancada há duas, mas uma não pode ser aberta porque foi arrebentada durante um assalto à Casa. A outra abre, só não sabe até quando, pois é visível o apodrecimento da madeira pela ação dos cupins, o que também pode ser comprovado em outras salas, como na do PMDB. "Aqui tem uma fábrica de cupins, não param nunca de trabalhar", acrescentou o diretor da Câmara, Júlio Carúcio. Ele divide sua pequena sala, localizada no pavimento superior, com o arquivo da Câmara, e quando tem de atender alguém se obriga a descer, pois não há espaço para visitas.
Distribuição
Na parte de cima do velho casarão estão ainda os setores de patrimônio, contabilidade, tesouraria, almoxarifado, recursos humanos, departamento de compras e taquigrafia. No térreo ficam as bancadas, ouvidoria, central de informática, plenário, plenarinho, TV Câmara, sala da presidência, central telefônica, protocolo, recepção, assessoria jurídica, diretoria, banheiros e cozinha. "Aqui funciona no improviso e a gente tenta se adequar à área que tem", disse Carúcio. Pela Câmara passam aproximadamente 800 documentos por dia.
Negociações com o Banco do Brasil
Há dois anos se arrastam as negociações para que a Câmara possa realizar a sonhada mudança. O projeto de ocupação da Secretaria de Finanças prevê a restauração do imóvel e a construção de um anexo em estrutura de aço, que ficará ao lado, no lugar de dois prédios localizados pela praça Sete de Julho, já desapropriados, informou o presidente do Legislativo, Otávio Soares (PPS). O Banco do Brasil (BB) é o candidato a patrocinador, até porque tem interesse em voltar a ocupar o imóvel.Segundo o superintendente regional do BB, Jéferson Amando, o projeto arquitetônico foi entregue pela Câmara na semana passada e encaminhado à Superintendência Estadual da instituição, que analisará sua viabilidade. Se aprovado, a direção vai decidir se levará para o local, juntamente com o Legislativo, um segmento da agência Lobo da Costa ou outra agência. O Banco do Brasil possuía filial desde 1908 na rua Sete de Setembro, mas era desejo da instituição construir uma sede de grande porte no entorno da praça Coronel Pedro Osório. A obra do prédio que desde 1996 abriga a Secretaria de Finanças (hoje também da Receita), foi iniciada em 1926 e inaugurada em 1929.
Mas tem mais: "não há local apropriado para o recebimento de autoridades, a não ser no plenário, que tem capacidade para apenas 50 pessoas". Será que os vereadores querem mais espaço para distribuir mais comendas e medalhas ao mesmo tempo?
"Cada vereador tem cinco assessores". "Na do PV, embora com apenas um vereador, portanto, seis pessoas com a assessoria, a solução encontrada foi uma escala de horários. O revezamento é a alternativa para que possam conseguir trabalhar, conta Cururu Insaurriaga, ao registrar outra reclamação: a sala sequer tem janela." Será que ninguém, nenhum vereador desta brilhante Câmara teve a idéia ou o bom senso de imaginar que tem muito assessor para cada vereador? O que fazem essas criaturas? Em que trabalham? que documentos redigem, que auxílio real prestam aos vereadores além do tradicional assistencialismo cujo produto é a busca incessante de votos ao seu "empregador"?
Deixei o melhor para o final: "Os vereadores não têm onde atender o público, pelo menos não reservadamente. Esse atendimento ocorre no pátio ou pelos corredores, o que consideram constrangedor". E Câmara é lá lugar de receber pessoas reservadamente? Onde já se viu isso? Que tipo de segredo os cidadãos contam aos vereadores? Constrangimento é ter uma Câmara como essa. Pelotense: a Câmara é eleita com seu voto. Seus impostos pagam esse verdadeiro exército de funcionários que os vereadores têm à disposição para cuidar de seus currais eleitorais.
Mostrem serviço antes, vereadores. Depois pensem em mordomias. Lembrem-se de que tratam com questões como leis, ética, igualdade, trabalho e coisas do tipo. E que devem seu mandato a cidadão que lhes confiaram o voto. Honre-os.
Cidade: O sonho da casa própria
Tânia Cabistany
Toda e qualquer divergência fica em segundo plano na Câmara de Vereadores quando o assunto é a falta de espaço enfrentada pelos parlamentares, assessores e funcionários da Casa. A maior disputa deixou de ser a política: atualmente fica por conta de um lugar para trabalhar. É unanimidade que o local não tem condições de abrigar as atuais dez bancadas, os 18 setores do Legislativo e os 142 servidores (entre cargos de confiança, estatutários e celetistas).O sonho da casa própria, com a mudança para o prédio da Secretaria Municipal de Finanças, no entorno da praça Coronel Pedro Osório, parece estar mais próximo de se tornar realidade. O Banco do Brasil deve se manifestar até o final deste mês se vai mesmo bancar o projeto de restauração, orçado em R$ 4 milhões. Fundada em 1832, a Câmara nunca teve prédio próprio e já funcionou em seis endereços, além do atual, onde está instalada desde 1994. O casarão da rua Marechal Deodoro, entre Doutor Cassiano e Voluntários da Pátria, por onde transitam cerca de 400 pessoas diariamente, não oferece, nem de longe, a estrutura necessária para o trabalho legislativo. São 13 anos de adaptações aqui e ali. Nesse período caiu de 21 para 15 o total de vereadores, mas, em contrapartida, cresceu o número de partidos. Ficou tudo igual em matéria de aperto. Os vereadores não têm onde atender o público, pelo menos não reservadamente. Esse atendimento ocorre no pátio ou pelos corredores, o que consideram constrangedor. Mais ainda: não há local apropriado para o recebimento de autoridades, a não ser no plenário, que tem capacidade para apenas 50 pessoas. "A acomodação é fraca e a segurança não existe", reclama o Professor Adinho (PPS), que ocupa a menor sala da Casa: tem apenas 3,0m x 2,50m e seis pessoas trabalhando nela.
Assessores se dividem
Nas bancadas, quase grudados uns nos outros, os assessores tentam trabalhar. Como é impossível permanecer nas salas todos aos mesmo tempo, eles se dividem, até porque há público à espera dos vereadores e o espaço torna-se ainda mais reduzido. Uns vão para o plenário enquanto esperam para, por exemplo, utilizar o computador. Cada vereador tem cinco assessores. Nas bancadas do PT e PP, onde há três parlamentares em cada, o total de pessoas, somando-se os assessores, chega a 18.Na do PV, embora com apenas um vereador, portanto, seis pessoas com a assessoria, a solução encontrada foi uma escala de horários. O revezamento é a alternativa para que possam conseguir trabalhar, conta Cururu Insaurriaga, ao registrar outra reclamação: a sala sequer tem janela.Mas ter janelas não significa muito, garante o assessor do PDT, Paulo Härter. Na bancada há duas, mas uma não pode ser aberta porque foi arrebentada durante um assalto à Casa. A outra abre, só não sabe até quando, pois é visível o apodrecimento da madeira pela ação dos cupins, o que também pode ser comprovado em outras salas, como na do PMDB. "Aqui tem uma fábrica de cupins, não param nunca de trabalhar", acrescentou o diretor da Câmara, Júlio Carúcio. Ele divide sua pequena sala, localizada no pavimento superior, com o arquivo da Câmara, e quando tem de atender alguém se obriga a descer, pois não há espaço para visitas.
Distribuição
Na parte de cima do velho casarão estão ainda os setores de patrimônio, contabilidade, tesouraria, almoxarifado, recursos humanos, departamento de compras e taquigrafia. No térreo ficam as bancadas, ouvidoria, central de informática, plenário, plenarinho, TV Câmara, sala da presidência, central telefônica, protocolo, recepção, assessoria jurídica, diretoria, banheiros e cozinha. "Aqui funciona no improviso e a gente tenta se adequar à área que tem", disse Carúcio. Pela Câmara passam aproximadamente 800 documentos por dia.
Negociações com o Banco do Brasil
Há dois anos se arrastam as negociações para que a Câmara possa realizar a sonhada mudança. O projeto de ocupação da Secretaria de Finanças prevê a restauração do imóvel e a construção de um anexo em estrutura de aço, que ficará ao lado, no lugar de dois prédios localizados pela praça Sete de Julho, já desapropriados, informou o presidente do Legislativo, Otávio Soares (PPS). O Banco do Brasil (BB) é o candidato a patrocinador, até porque tem interesse em voltar a ocupar o imóvel.Segundo o superintendente regional do BB, Jéferson Amando, o projeto arquitetônico foi entregue pela Câmara na semana passada e encaminhado à Superintendência Estadual da instituição, que analisará sua viabilidade. Se aprovado, a direção vai decidir se levará para o local, juntamente com o Legislativo, um segmento da agência Lobo da Costa ou outra agência. O Banco do Brasil possuía filial desde 1908 na rua Sete de Setembro, mas era desejo da instituição construir uma sede de grande porte no entorno da praça Coronel Pedro Osório. A obra do prédio que desde 1996 abriga a Secretaria de Finanças (hoje também da Receita), foi iniciada em 1926 e inaugurada em 1929.
2 comentários:
Prá quem naum conhece é fácil falar!
Ora, ora, senhor "CC". O que nossos nobres vereadores fazem por Pelotas? Querem melhor estrutura p/ trabalhar ou p/ passar mais confortavelmente as horas on-line no laptop a brincar no Orkut e no massanger?
Ou uma moderna cafeteria, a fim de passar as horas a tomar café quentinho e ler o agradável Jornal do Prefeito que só fala bem da Casa do Povo p/ não levar nenhuma puxada de tapete.
Ora, ora, meu caro. Sim, você aí, que ocupa cargo comissionado. Porque não vai solicitar ao seu ilustre vereador que articule junto ao Executivo a realização de concurso público para preencher as milhares de vagas hoje ocupadas pelos correligionários de campanha ao invés de preenchê-las por quem de direito.
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