quinta-feira, 12 de julho de 2007

Uma magnífica faculdade para poucos

Não adianta tergiversar: o curso de graduação em medicina veterinária da UFPel a ser criado para assentados rurais é para ... assentados rurais. Basta ler com atenção os termos do acordo que estão publicados neste blog. Além do mais, quem vai gerir toda a dinheirama que vem do Incra é a Fundação Simon Bolívar. E é aí que reside o perigo: com a folha corrida dessa instituição (facilmente encontrada nos sites do TCU ou do MPF) fica difícil acreditar que algo sairá conforme o acordado. Tomara que o Conselho Universitário - que tem a prerrogativa e autonomia para vetar o convênio - tenha o bom senso de avaliar a proposta e vetá-la sem piedade. Apostar os nomes dos conselheiros e suas carreiras num aval desse porte - de uma Universidade que esconde a publicação de suas Portarias (para dizer o menos) e de um parceiro com um currículo invejável como o da Fundação Simon Bolívar - é temerário. E, convenhamos, uma universidade que se preze não pode se prestar a fazer esse tipo de política de cotas. Não é democrático, não é transparente, não é adequado, não é igualitário. Não é decente. Não é universitário, no sentido amplo da palavra. Vamos esperar para ver o que decidem os conselheiros. O que diz o pessoal da Veterinária. O que dizem os alunos. Que o magnífico reitor César Borges não venha com ameaças ou melodramas baratos do tipo "“Se perdermos este dinheiro, dificilmente o MEC terá condições de liberar recursos na mesma ordem”. Em alguns casos - como este, por exemplo -, perder é ganhar. Dinheiro público não se encontra na rua. Sai de bolsos de trabalhadores de todo tipo. Usá-lo com sabedoria e respeito é o mínimo que se pode fazer. O magnífico reitor poderia passar um pouco mais de seu magnífico tempo na UFPel e conseguir verba para ajeitar a vida das 11 faculdades que fizeram manifestações recentemente por falta de infra-estrutura. Fico a imaginar o que se passa na magnífica cabeça do reitor quando precisa apelar para o empréstimo de salas a entidades privadas para que alunos tenham aulas. E ainda quer verba para um curso de Veterinária para assentados. Cuidado, senhores conselheiros: depois de assinado o convênio, tudo pode acontecer. Vejam o histórico dos envolvidos. Relembrem tudo o que aconteceu nesta magnífica gestão, desde a nomeação de funcionários para a Unipampa, de pessoas que só fizeram trapalhadas nos vestibulares, nas ações complicadas movidas pelo Ministério Público Federal. Dá para confiar? Outra coisa: audiência pública convocada pela Câmara Municipal para discutir o "sistema de cotas" e, por extensão, o convênio entre o Incra, a Fundação Simon Bolívar e a UFPel? Me poupem. Primeiro: a Câmara não tem qualquer poder de decisão nesse caso, o que caracteriza, isso sim, um oportunismo fácil para tentar angariar alguma simpatia de incautos. Segundo: os vereadores pelotenses atualmente só pensam em mudar de prédio. Veja a historinha do magnífico reitor publicada no site da UFPel.

Curso de graduação em Veterinária será também para agricultores familiares

O curso de graduação em Medicina Veterinária a ser oferecido pelo Centro de Capacitação e Desenvolvimento Rural Sustentável da UFPel será destinado não somente aos filhos de assentados, mas também aos agricultores familiares e seus dependentes, conforme determina o convênio assinado entre o Incra e a Universidade, tomando assim contornos de projeto com grande benefício social. O esclarecimento está sendo feito pelo reitor da UFPel, Cesar Borges, preocupado em desfazer dúvidas e mal entendidos que estão gerando polêmica sobre o tema. Provavelmente no dia 20, sexta-feira da próxima semana, o Conselho Universitário da UFPel deverá se reunir para analisar o assunto.

O reitor tem se esforçado em prestar os máximos esclarecimentos sobre a proposta, que não é da UFPel, mas que faz parte de um conjunto de políticas do Governo Federal, especialmente do Incra e do Ministério do Desenvolvimento Agrário. Neste sentido, ele recorda etapas anteriores ao projeto agora em debate na instituição. Borges lembrou que em março de 2006 recebeu uma comissão de parlamentares da Assembléia Legislativa do RS que trouxeram a proposta de criação de um curso para assentados rurais e famílias de agricultores, com foco na agricultura familiar. Dentro desta mesma linha, o Cocepe, Conselho Coordenador de Ensino, Pesquisa e Extensão da UFPel, aprovou o Programa de Educação no Campo, onde agora poderá ser inserido o novo curso de graduação em Veterinária.

“Várias universidades pelo país já têm iniciativas semelhantes, com convênios para estas modalidades de cursos. Um exemplo é a Universidade de Goiás, com curso de Direito para filhos de agricultores de assentamentos rurais”, disse Borges. O reitor frisa que os R$ 4,5 milhões destinados pelo Incra para o projeto, já depositados na Universidade, mas que serão devolvidos em caso de não aprovação do projeto no Conselho Universitário, serão aplicados em obras de infra-estrutura para a Faculdade de Veterinária, como laboratórios, salas de aula e bolsas para professores. Sobre este ponto, o reitor esclarece que os professores da Faculdade não serão obrigados a dar aulas no curso. Há a possibilidade de contratação de docentes de fora, por meio das bolsas. “É preciso esclarecer que toda a estrutura a ser construída não terá uso exclusivo do novo curso, mas de toda a universidade”, garantiu o reitor.

Outro ponto que Cesar Borges está esclarecendo é que não haverá redução de vagas no vestibular normal para o curso de Veterinária. Pelo contrário. As vagas na Faculdade aumentarão, se for considerado o acréscimo das 60 novas ofertadas com o projeto especial. O Centro de Capacitação e Desenvolvimento Rural Sustentável, afirmou o reitor, não está sendo criado especificamente para este curso de Veterinária, mas sim para toda a Universidade. Este curso somente será concretizado se o Conselho Universitário der sua aprovação, sublinhou.

Sobre a importância dos recursos destinados à atividade, Cesar Borges recorda que o dinheiro irá atender antiga reivindicação da própria comunidade da Faculdade de Veterinária, que é a resolução dos graves e crônicos problemas de infra-estrutura da unidade, hoje ainda localizada em área distante do campus Capão Leão. “Se perdermos este dinheiro, dificilmente o MEC terá condições de liberar recursos na mesma ordem”, ressaltou.

5 comentários:

Anônimo disse...

Veja só que interessante a Imagem do Dia (11/07/07) postada no site da UFPel. Digno de quem não tem nada mais importante a fazer.

http://www.ufpel.edu.br/ccs/imagem.php?id=4855

Diz a nota: "O reitor César Borges e o pró-reitor de Extensão e Cultura da UFPel, Vitor Hugo Manzke, receberam na manhã desta quarta-feira(11), no gabinete da reitoria, o vereador pelotense Ademar Ornel. O assunto do encontro foi o sistema de cotas na Universidade."

Um questionamento que deve ser considerado: o que faz o senhor Ademar Ornel ir até o Campus de Capão do Leão da UFPel p/ se encontrar c/ o reitor César Borges em pleno horário de expediente da TV Câmara - digo, da Câmara de Vereadores?

E pensar que a UFPel só está se "sujeitando" às cotas porque será reembolsada em R$ 3 milhões!!!

Quais os seus interesses, vereador? Objetiva o senhor ser incluído nas cotas???

Anônimo disse...

UMA MÃO LAVA A OUTRA

Veja como são as coisas...

Está no site da prefeitura de Pelotas: "Prefeito recebe título de Amigo do Meio Ambiente".

Se entendi bem, Fetter receberá da empresa PRT (de recolhimento de LIXO!!!) o título de Prefeito Amigo do Meio Ambiente. Logo ele, cujo governo está realizando uma verdadeira selvageria nas praças e avenidas de Pelotas, botando abaixo árvores centenárias, sem autorização do órgão competente, o Compam (Conselho Municipal de Proteção Ambiental); em uma cidade cujo índice de área verde é de apenas 4,7 metros quadrados por habitante, um dos mais baixos do país e muito longe daquele recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMC), de 15 metros quadrados por habitante!!!

Aliás, a empresa PRT (de recolhimento de LIXO!!!) é uma daquelas "prejudicadas" pelo edital de licitação que, junto com a Coopasul, foi praticamente excluida da próxima concorrência.

A continuar deste jeito, a PRT ainda terá muito, mas muito LIXO p/ recolher!!!


VEJA O RELEASE DA PREFEITURA (http://www.pelotas.com.br/noticia/noticia.htm?codnoticia=12099)

Prefeito recebe título de Amigo do Meio Ambiente

Neste sábado (14) à tarde, antes do parabéns aos 195 anos de Pelotas com o bolo gigante que será oferecido à comunidade, a empresa PRT, Prestadora de Serviços, vai conferir ao prefeito Fetter Júnior, pelo terceiro ano seguido, a certificação de Prefeito Amigo do Meio Ambiente.

O título é um reconhecimento ao chefe do Executivo pela implantação de diversas políticas públicas, de preservação e conservação ao meio ambiente de Pelotas, nesta gestão. A entrega será feita pela Coordenadora de Educação Ambiental da empresa, Sandra Barbosa e pelo gerente local José Siqueira.

Data: 12/07
Hora: 15:32
Redator: César Soares

Anônimo disse...

Hehe!!! Como não poderia deixar de ser, está lá! Diário Oficial desta sexta-feira 13: "Novo curso de graduação inclui os agricultores familiares, diz reitor"

Na íntegra, sem tirar nem por. Sete parágrafos totalmente dedicados a versão do reitor. E o que é melhor, nenhum questionamento aos argumentos de que não dá p/ devolver R$ 4,5 milhões de mão beijada p/ o Mec?!

MAS ATENÇÃO: Há algo de novo no final desta matéria. Atente esperto leitor: Tchan! "Vereadores de Pelotas apoiam a iniciativa"

Uma pérola, verdadeira pérola. E quando é que eles são contrários a alguma coisa? Ainda mais de trantando de R$ 4,5 milhões!!! Repito: R$ 4,5 milhões!!!

Ano que vem tem eleições, não esqueçam!!!

Segue a bobageira integral do Diário Oficial que o Irineu e o Clayton Rocha já publicaram antes.

Viva Pelotas!

Viva a Terra do Nunca!


DIÁRIO POPULAR

Rural: Novo curso de graduação inclui os agricultores familiares, diz reitor

O curso de graduação em Medicina Veterinária a ser oferecido pelo Centro de Capacitação e Desenvolvimento Rural Sustentável da UFPel será destinado não somente aos filhos de assentados, mas também aos agricultores familiares e seus dependentes, conforme determina o convênio assinado entre o Incra e a universidade, tomando assim contornos de projeto com grande benefício social. O esclarecimento é feito pelo reitor da UFPel, Cesar Borges, preocupado em desfazer dúvidas e mal-entendidos que geram polêmica sobre o tema.
Provavelmente no dia 20 deste mês, o Conselho Universitário da UFPel deve se reunir para analisar o assunto. O reitor presta esclarecimentos sobre a proposta, que segundo ele, não é da UFPel, mas que faz parte de conjunto de políticas do Governo Federal, especialmente do Incra e do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). Ele recorda etapas anteriores ao projeto agora em debate na instituição.
Borges lembrou que em março de 2006 recebeu comissão de parlamentares da Assembléia Legislativa do Estado que trouxeram a proposta de criação de curso para assentados rurais e famílias de agricultores, com foco na agricultura familiar. Dentro desta mesma linha, o Conselho Coordenador de Ensino, Pesquisa e Extensão da UFPel (Cocepe), aprovou o Programa de Educação no Campo, em que agora pode ser inserido o novo curso de graduação em Veterinária.
“Várias universidades pelo País já têm iniciativas semelhantes, com convênios para estas modalidades de cursos. Um exemplo é a Universidade de Goiás, com curso de Direito para filhos de agricultores de assentamentos rurais”, disse Borges. O reitor frisa que os R$ 4,5 milhões destinados pelo Incra para o projeto, já depositados na universidade serão devolvidos em caso de não aprovação do projeto no Conselho Universitário, e servirão para aplicar em obras de infra-estrutura à Faculdade de Veterinária, como laboratórios, salas de aula e bolsas para professores.

Recursos devem melhorar estrutura
Sobre este ponto, o reitor esclarece que os professores da faculdade não serão obrigados a dar aulas no curso. Há a possibilidade de contratação de docentes de fora, por meio das bolsas. “É preciso esclarecer que toda a estrutura a ser construída não terá uso exclusivo do novo curso, mas de toda a universidade”, garantiu o reitor.
Outro ponto que Borges esclarece é que não haverá redução de vagas no vestibular normal para o curso de Veterinária. “Pelo contrário, as vagas na faculdade aumentarão, se for considerado o acréscimo das 60 novas ofertadas com o projeto especial”. O Centro de Capacitação e Desenvolvimento Rural Sustentável, afirmou o reitor, não está sendo criado especificamente para este curso de Veterinária, mas sim para toda a universidade. Este curso somente será concretizado se o Conselho Universitário der sua aprovação, sublinhou.
Sobre a importância dos recursos destinados à atividade, Borges recorda que o dinheiro irá atender antiga reivindicação da própria comunidade da Faculdade de Veterinária, que é a resolução dos graves e crônicos problemas de infra-estrutura da unidade, hoje ainda localizada em área distante do campus Capão Leão. “Se perdermos este dinheiro, dificilmente o MEC terá condições de liberar recursos na mesma ordem”.

Vereadores de Pelotas apóiam iniciativa
Em comum acordo, na manhã de quarta-feira, vários partidos protocolaram a moção de apoio à criação de turma especial de Medicina Veterinária na Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Integram a iniciativa, os vereadores Ivan Duarte, Mílton Martins, Paulo Oppa, da bancado do PT, José Sizenando (PP), Ademar Ornel (DEM), Waldomiro Lima (PL), Cururu Insaurriaga (PV), José Inácio (PDT), Adalim Medeiros, Pedro Godinho (PMDB) e Adinho (PPS). A proposta também é destinada à comunidade acadêmica engajada nesse movimento.
Os vereadores dizem que o Programa Nacional de Educação para Reforma Agrária (Pronera), projeto do Governo Federal, visa criar em Pelotas 60 novas vagas para o curso de Medicina Veterinária destinada à comunidade agrária. O Pronera já abrange 43 cursos em todo o País (técnicos, de graduação e pós-graduação) e pressupõe o investimento de R$ 4,5 milhões para sua implantação em Pelotas. O projeto passou por apreciação, no ano passado, pela Assembléia Legislativa, cuja recomendação foi a sua execução e implantação à instituição pelotense. Se aprovado, ainda este ano será realizado processo seletivo aos integrantes do projeto que passarão também por estágio probatório a fim de apontar os 60 melhores.

Anônimo disse...

Irineu com todo o respeito, acho que o que vc está tentando fazer é um retrocesso para o crescimento para nossa unidade.Acredito que não seja uma reserva de mercado o curso que estará sendo criado para assentados, será um curso de no maximo 5 anos que a unidade ganhará 4,5 milhões de reais para investir em infraestrutura.Eu como servidor publico sei muito bem o que essa quantia significa para realizar um investimento em um orgão publico porque sabemos que nem mesmo a nossa prefeitura consegue um investimento dessas para nossa cidade e sabe porque????? Porque existem pessoas que não tem vontade política para melhorar a vida dos cidadãos.
No meu modo de ver a Universidade não irá beneficiar somente um certo grupo de pessoas com a abertura do curso de veterinária para os assentados, irá beneficiar juntamente toda a comunidade academica da UFPEl.O nosso reitor não está querando amedontrar ninguem dizendo que quando perdermos esse dinheiro dificilmente teremos outra liberação nessa ordem, eu trabalho na universidade a 31 anos e nunca vi uma quantia dessas ser liberada para universidade ou seja somente para uma unidade nesta ordem. Tenho certeza e convicção que o curso será aprovado porque a comunidade academica sabe muito bem que isto siginifica melhorias na infraestrutura e meio ambiente interno saudável para o trabalho.

Anônimo disse...

Irineu infelizmente, não tenho dúvida quanto a aprovação do convênio com o INCRA, pois a maioria do Conselho Universitário é do nosso "Magnífico Reitor", para teres uma idéia até a Asufpel está fechada com ele, é só ver aonde o Bósio foi parar depois que saiu da Prefeitura junto com o Marrone, tem um cargo de confiança na Universidade. Porque será que o sindicato não questionou até este momento nenhuma ação do Nosso "Maravilhoso Reitor" e nem algumas denúncias que chegam ao sindicato. Será que é porque um dos Diretores (Antonio Cleff) foi transferido junto com o ex-prefeito e mais um servidor para fazerem parte de um projeto na Fac. de Arquitetura. Acho que Má vontade minha, "DEVE SER TUDO CAUSALIDADE".