Ligue os pontos
O prefeito Fetter Júnior precisa de ajuda. Agora, ele deu para se auto-entrevistar. Faz perguntas e ele mesmo responde. E publica no site oficial. Tem até ato falho, quando a resposta do prefeito vem assinada como Secom (Secom, favor corrigir no site, por favor). Tudo isso na visita informal à redação da Secom (aquela que ele quer inchar ainda mais com a contratação de mais profissionais).
De qualquer maneira, trago aqui, para deleite do leitor deste blog, algumas considerações. A primeira é de um conceituado site de psicologia, que apresenta inúmeras definições, entre elas uma explicação sobre a esquizofrenia. Logo abaixo, uma entrevista feita pelo dr. Dráusio Varella com o médico psiquiatra Wagner Gattaz. No fim, a auto-entrevista com o prefeito. Leia. Depois, é só ligar os pontos.
Primeiro, o site PsiqWeb:
O que é Esquizofrenia?
O termo "esquizofrenia" foi criado em 1911 pelo psiquiatra suíço Eugem Bleuler com o significado de mente dividida. Ao propor esse termo, Bleuler quis ressaltar a dissociação que às vezes o paciente percebia entre si mesmo e a pessoa que ocupa seu corpo. Hoje é o nome universalmente aceito para este transtorno mental psicótico, entretanto, no meio técnico e profissional se admite que o termo pode ser insuficiente para descrever a complexidade dessa condição patológica. A Esquizofrenia é uma doença da personalidade total que afeta a zona central do eu e altera toda estrutura vivencial. Culturalmente o esquizofrênico representa o estereotipo do "louco", um indivíduo que produz grande estranheza social devido ao seu desprezo para com a realidade reconhecida. Agindo como alguém que rompeu as amarras da concordância cultural, o esquizofrênico menospreza a razão e perde a liberdade de escapar às suas fantasias.
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Os transtornos esquizofrênicos se caracterizam, em geral, por distorções características do pensamento, da percepção e por inadequação dos afetos. Usualmente o paciente com esquizofrenia mantém clara sua consciência e sua capacidade inteleitual. A esquizofrenia traz ao paciente um prejuízo tão severo que é capaz de interferir amplamente na capacidade de atender às exigências da vida e da realidade.
Site do dr. Dráusio Varella (entrevista com o médico psiquiatra e professor de psiquiatria no Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo Wagner Gattaz)
Esquizofrenia
A esquizofrenia é uma doença psiquiátrica endógena que se caracteriza pela perda do contato com a realidade. A pessoa pode ficar fechada em si mesma, com o olhar perdido, indiferente a tudo o que se passa ao redor ou, os exemplos mais clássicos, ter alucinações e delírios. Ela ouve vozes que ninguém mais escuta e imagina estar sendo vítima de um complô diabólico tramado com o firme propósito de destruí-la. Não há argumento nem bom senso que a convença do contrário. Antigamente, esses indivíduos eram colocados em sanatórios para loucos porque pouco se sabia a respeito da doença. No entanto, nas últimas décadas, houve grande avanço no estudo e tratamento da esquizofrenia que, quanto mais precocemente for tratada, menos danos trará aos doentes.
Agora, a entrevista concedida a si mesmo:
Governo Fetter Júnior se desdobra entre a descrença e a demanda
Administrar Pelotas é um desafio constante, salientou o prefeito Fetter Júnior, durante entrevista concedida à Secretaria de Comunicação, por ocasião de visita informal à redação. Para o prefeito, em função das peculiaridades de uma cidade com quase 200 anos de história, população estimada em cerca de 350 mil habitantes e um Produto Interno Bruto (PIB) considerado baixo, se confrontado com outros municípios de porte semelhante, tal missão é tida como complexa e exige muito trabalho, dedicação, organização, planejamento, criatividade e espírito público.
Além do que, acrescentou, pelos mais variados motivos, nas últimas décadas se avolumaram os problemas locais, sobretudo econômicos, resultando na incapacidade do atendimento das demandas e necessidades da população por parte do poder público municipal. A partir desta realidade, ressaltou o prefeito, os serviços prestados pela Prefeitura foram se reduzindo, problemas históricos, em especial na infra-estrutura urbana e rural e de setores vitais como saúde, educação, habitação e transporte, foram crescendo paulatinamente, sem que houvesse a solução correspondente por parte do poder público. Para tanto, diz, se fazia necessário ousadia, coragem, capacidade de trabalho, visão administrativa e vontade política, no sentido de buscar alternativas capazes de romper o ciclo vicioso que relegou o Município à estagnação. Foi com este objetivo que, segundo suas palavras, o prefeito Fetter Júnior assumiu a Prefeitura em março de 2006. Em seu discurso de posse, lembrou, tornou público o compromisso de tentar fazer a diferença e canalizar todo o seu esforço e capacidade para transformar Pelotas. “O desafio é imenso, são muitas as demandas, não há recursos, mas assumo o compromisso e vou trabalhar com afinco e determinação para mudar este quadro de dificuldades”, garantiu na ocasião e acrescentou: “Ao término desta gestão, Pelotas será muito melhor do que é hoje. Vamos transformar o Município num canteiro de obras”. Dois anos e dois meses após ter assumido publicamente um risco que a maioria dos homens públicos rejeitaria, temendo prejuízos político-eleitorais, Fetter relembra este período, falando sobre as nuanças que cercaram projetos como o Banco Mundial e o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), para muitos impossíveis de serem concretizados pelo prefeito, conforme disse. Confira a entrevista na íntegra: S
Secom: Quando, durante manifestação pública em março de 2006, o senhor assumiu o compromisso de “mudar a cara” de Pelotas, estava convicto de que isso seria possível?
Fetter Júnior : Eu sempre acreditei nas potencialidades de Pelotas, que considero única e diferente, formada por um povo culto, ordeiro e trabalhador. Ao garantir publicamente que ao fim deste mandato as coisas estariam diferentes no Município, me baseei nisso e na minha disposição de trabalhar diuturnamente para honrar a palavra empenhada. Aliás, quando nos dedicamos por mais de dois anos a “colocar a casa em ordem” e à “elaboração de projetos”, a maioria das pessoas – inclusive amigos próximos - manifestou sua descrença de que, assim agindo, não chegaríamos a algum lugar.As expressões mais comuns eram de que “não vai dar tempo”, “vais plantar para o teu sucessor colher”, etc. Ou seja, muitas pessoas estavam tão “impregnadas” do “derrotismo”, da baixa auto-estima, que recomendavam que cuidasse apenas do “arroz com feijão” (o dia a dia) – que é o que as pessoas conseguem ver –, do que dos projetos de longo prazo e forte impacto, mas que levam anos para acontecer. Portanto, nos dedicamos a assegurar grandes obras, mas paralelo a isso procuramos não descuidar dos problemas do cotidiano da população.
Secom: Foi um risco calculado, considerando os recursos escassos e o fato de pegar o “barco andando”?
FJ: Não, eu conhecia as dificuldades a serem enfrentadas, mas, como disse antes, tinha convicção de que, com muito trabalho, dedicação e determinação, tudo se arranjaria. Na verdade, tínhamos tão poucos recursos próprios e tantas tarefas a realizar que a missão parecia quase impossível. Mesmo para melhorar o cotidiano das pessoas (valetas, buracos, limpeza, lixo, iluminação, postinhos, escolas, etc.) o dinheiro era pouco e as necessidades imensas. Além disso, também era preciso inovar nos pequenos cuidados, mudando a forma de prestação dos serviços cotidianos, de modo a melhor qualificá-los, o que também demanda tempo, planejamento e dinheiro.
Secom: A propósito disso, o senhor teve desgaste político, tendo em vista reclamações e críticas quanto à ineficácia de alguns serviços básicos prestados pela Prefeitura?
FJ: Não sei avaliar até que ponto houve este desgaste – e se houve faz parte do jogo -, mas quero crer que as pessoas percebiam que estávamos trabalhando e nos esforçando para arrumar a casa e resolver os problemas mais urgentes. Desde que assumimos oficialmente, em março de 2006, estabelecemos estratégias de administração, baseadas na organização, no planejamento, na recuperação econômica e no equilíbrio entre receita e despesa. E passamos a resolver os problemas aos poucos: renovamos a frota de veículos e máquinas da Prefeitura e passamos a fazer um trabalho de mutirões de limpeza e ensaibramento de ruas. Contratamos uma nova empresa para a limpeza urbana, aceleramos o programa de tapa-buracos e antipó, reforçamos o trabalho de reposição de luminárias, serviço que ainda precisamos melhorar e vamos melhorar. Duplicamos o Pronto-Socorro, investimos pesado em saúde, educação, habitação, e em outros setores, e temos a certeza de que a população, pois o povo de pelotas é inteligente, crítico e especialmente justo, está percebendo as mudanças positivas em todos os cantos do Município.
Secom: Diante destes problemas, em algum momento sua certeza na recuperação de Pelotas chegou a fraquejar?
Secom (ato falho do prefeito. O correto não seria FJ?): De forma alguma. Não desistimos diante das dificuldades e obstáculos. Ao invés de ficarmos nos queixando e colocando a culpa nos outros, “fomos à luta”. Pagamos algumas dívidas, renegociamos outras, tiramos a Prefeitura do SPC (Cadin), recuperamos nosso crédito e partimos para apresentar projetos onde houvesse dinheiro a ser buscado. Por outro lado, a angustiante, burocrática e demorada etapa de elaborar projetos, submetê-los às fontes financiadoras, aprovar leis que os autorizassem, disputar recursos com outras Prefeituras, apresentar papéis, fazer licitações e conseguir contratar obras, foi – e continua sendo – mais um teste de paciência e determinação. A tudo enfrentamos com a certeza de que estávamos trabalhando para realmente transformar a nossa realidade, mudando profundamente a “cara da cidade” e não apenas para “maquiá-la”, disfarçando nossas carências, ao invés de enfrentá-las de frente, com coragem e visão de longo prazo.
Secom: E agora, quais são os próximos passos?
FJ: Agora, os recursos começam a chegar. Sejam do Banco Mundial, sejam do PAC federal, do Monumenta, do Pro-Mob, ou de tantas outras fontes. Eles não vêm todos de uma só vez. Para cada ação é preciso provar novamente que continuamos com as “contas em dia”, de modo a continuar recebendo os recursos. Esta é uma “demanda permanente”, que não se esgotará até que tenhamos concluído cada obra e provado que realmente foi executada como planejado. Portanto, a realidade agora é que o “canteiro de obras” que havíamos previsto começa a se concretizar. As pavimentações começaram e novas licitações estão sendo realizadas para atingir quase 60 km de ruas (dos quais apenas 10% estão prontos). Obras no Mercado já têm sua implantação assegurada; a seguir virão o Grande Hotel e a Casa 6 (futuro Museu do Sal e do Açúcar, ou “do Charque e do Doce”). Quadras esportivas serão construídas em cinco bairros, praças implantadas e o Parque Dom Antonio Zattera será remodelado, assim como a Praça Cypriano Barcellos e, futuramente, o Calçadão. Não dá para fazer tudo em pouco tempo. Cada processo demanda demorado processo licitatório – conforme a legislação exige –, acompanhamento e fiscalização da execução e prestação de contas.
Secom: Uma grande parcela da população não acreditava nos projetos anunciados. O que o senhor tem a dizer sobre isso?
FJ: Agora que as coisas “estão andando”, o ceticismo anterior virou questionamento: Será que as prioridades são adequadas? Porque não começou pela minha rua? Será que eu também serei beneficiado? As obras terão continuidade? De outra parte, a descrença virou demanda, pois todos querem – e merecem – benefícios para si, sua vila, seu bairro. Todo dia alguém solicita que seja incluída a sua rua, pois há décadas ninguém resolve a sua dificuldade específica. Temos nos desdobrado em esclarecimentos e procurado dar orientações a todos, mas este é o “bom problema”, aquele que vem da reivindicação das pessoas que passaram a acreditar que as coisas estão acontecendo e vão realmente se concretizar.Vamos conseguir resolver todos os problemas e fazer tudo? É claro que não. Nosso município está com 196 anos e muitas demandas ficaram para trás e problemas se acumularam, seja pelas dificuldades financeiras do passado, seja pela falta de planejamento ou de comprometimento com o futuro. Mas faremos muito e sinto que as pessoas estão começando a se dar conta disso. O otimismo já contagiou a muitos, mas outros tantos ainda duvidam. É natural – e positivo – que isto ocorra. Depois de tantas desilusões e promessas não cumpridas é de se esperar que queiram “ver para crer”. Isto, mais do que nos desestimular, nos faz trabalhar ainda mais, com a certeza de que os resultados estão vindo e se acelerarão cada vez mais.
Data: 21/05
Hora: 18:39
Redator: Secom
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