terça-feira, 27 de maio de 2008

Incompetência

Falta um pouco de boa vontade de todas as partes envolvidas, não é mesmo? A solução é simples e parece que não demanda muito dinheiro. Vamos lá, Fetter Júnior. Faça um esforço, prefeito por enquanto. A contrapartida é a liberação gratuita do local ao público.

Cidade: Cidade pode perder um cartão postal
Camila Weinmann
Uma das mais belas paisagens da cidade corre o risco de ser extinta. Utilizado para prática de esportes náuticos, pesca e como ponto turístico, o trapiche do Laranjal e seus recorrentes problemas estruturais voltam a causar polêmica sobre a responsabilidade de sua manutenção. O Valverde Praia Clube, detentor da concessão da Marinha, não tem recursos para investir na segurança do local e a presidência afirma que, se o município não ajudar a mantê-lo, irá colocá-lo abaixo. Já a prefeitura alega não poder destinar recursos a uma área privada. A questão foi tema de uma reunião no Ministério Público Federal (MPF) no ano passado e, até hoje, não teve solução.
As falhas na infra-estrutura do trapiche colocam em risco a segurança das pessoas que transitam pelo local. Entre elas, estão ausência de corrimão em quase toda sua extensão, tábuas e pregos soltos e falta de estabilidade. Quando, em 2007, o clube resolveu cobrar pela entrada no local, foi convocada uma audiência, na qual estiveram presentes o presidente da entidade, Sérgio Almeida; o então titular da Secretaria de Qualidade Ambiental (SQA), Leonardo Cardoso; e o procurador da República, Max Palombo.
A partir do encontro realizado no dia 2 de março do mesmo ano, ficou acertado que, por ser um bem construído sobre a Laguna dos Patos, teria uso comum. O Valverde Praia Clube comprometeu-se em deixar livre o acesso ao local, podendo cobrar apenas de quem o utilizasse para pesca. Foi estabelecido um horário de funcionamento, entre outras resoluções.
Público ou privado?
O município de Pelotas, representado pelo responsável pela SQA na época, colocou-se à disposição para auxiliar com doação de materiais. Porém, o presidente do clube afirma que nada foi feito pela prefeitura. “Nós fizemos a reforma necessária e liberamos para visitação. Mas não temos condições financeiras para manter um funcionário no local. São pouco mais de 50 sócios que contribuem. Pagamos água, luz e muitas vezes tenho que tirar do bolso para não fechar”, relatou Sérgio Almeida.
O ex-secretário contesta dizendo que, para que o município possa destinar recursos à manutenção do trapiche, o local deveria ser tornado público. Almeida rebate e ameaça. “Então não será local aberto, nem nada. Eu vou ter que desmanchar a estrutura. Vou entrar em contato com a prefeitura, porque na hora de colocar uma foto do trapiche na propaganda, eles lembram de nós”, lamentou.
Quando questionado sobre a possibilidade de repassar a área ao poder público para não ter de extingui-la, o presidente do clube ponderou. “Se o meu sócio tiver algum benefício, eu repasso. Muitos dos nossos contribuintes deixaram de pagar em função do livre acesso. Sempre estive disposto a negociar e firmar parcerias, mas o Valverde precisa ter algum retorno com isso”, disse ele.

Freqüentadores reclamam das péssimas condições de infra-estrutura

Em meio ao empasse, quem sai perdendo é o usuário do trapiche. Marco Antônio Costa é sócio do Valverde Praia Clube, costuma freqüentar o local para pescar e reclama dos atos de vandalismo que costuma presenciar. “A situação está horrível. Pior impossível. Eu pago ao clube para que haja manutenção. Enquanto for uma área pública, não vai funcionar. Ainda nessa semana vi jovens bêbados quebrando as tábuas com pancadas”, contou.
André Reinheimer passeava tranqüilamente pelo trapiche com a filha, que parecia não temer os riscos oferecidos. Já a sua esposa, Márcia Santini, deu apenas alguns passos e resolveu voltar. “O vento bate e a estrutura balança. Não tive coragem de continuar”, falou.

No passado

Na década de 70, o trapiche era usado somente pelos sócios do clube, para pesca amadora. Havia inclusive uma guarita para depositar os equipamentos. Em outubro de 2001, rajadas de mais de cem quilômetros por hora destruíram a estrutura e deixaram centenas de desabrigados no balneário Valverde, no Pontal da Barra e na Colônia Z3.
Ainda em 2001, o Conselho Gestor da Infra-estrutura do município delegou a reconstrução do trapiche, o que mobilizou diversas pastas da prefeitura. Em agosto de 2006, cerca de três metros de madeiramento da passarela foram furtados.
Em novembro do mesmo ano, a Associação Comunitária do Laranjal (Asclar) iniciou uma campanha em busca de parcerias para recuperar o local. Segundo a então presidente e hoje vice, Marta Bianchi, na época, a mobilização deu certo. “Recebemos uma doação de um casal de pescadores, Maria José e Antônio Ferreira. Eles compraram 58 tábuas e contrataram a mão-de-obra. Fizemos diversos contatos, mas não houve participação da iniciativa privada”, observou.

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