Diário Popular quase acerta no editorial
Editorial do Diário Popular vai na veia: leia abaixo e confira os trechos em vermelho. A análise dos problemas é realista e ponderada. Só não entendi a mistura com o problema da dengue, também presente em Pelotas, mas que poderia ser tratada em outra ocasião. Mesmo assim, parabéns ao editorialista - se é que ele continua por lá depois disso.
Editorial:
Nesta semana completou mais de um mês a crise que deixou o Pronto-Socorro de Pelotas (PSP) sem a prestação de assistência em traumatologia pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Trata-se de mais uma fase de dificuldades que afeta o PSP nesta especialidade. Já há, portanto, bastante experiência dos gestores sobre a problemática nesta área, como conhecedores das suas causas e conseqüências. Mesmo assim, criou-se um novo impasse de longa duração. Os casos mais graves têm sido encaminhados para Rio Grande; em situações de impedimento da transferência do paciente, a Secretaria Municipal da Saúde pagou pelo serviço. É lamentável e difícil de se entender que Pelotas – com duas excelentes faculdades de Medicina e cinco hospitais, um dos quais especializado em traumatologia – fica dependendo de outras instituições, no caso, de Rio Grande, transferindo-se os casos mais graves, os que precisam de atendimento imediato, mas ainda têm que suportar a movimentação numa viagem de 60 quilômetros.Esse tipo de problema não surge de repente, de um dia para outro; o normal é que, aos primeiros sinais de dificuldades, sejam adotadas providências; no caso atual, mesmo depois de ter chegado a um ponto agudo e ainda com a intermediação do Ministério Público e do Sindicato dos Médicos do Rio Grande do Sul – o impasse persistiu por mais de um mês. Nesta quarta-feira, o problema volta a ser discutido em audiência pública na Câmara de Vereadores. Quanto às causas da paralisação dos traumatologistas, a explicação é que faltam condições de segurança para prestação da assistência, no que se refere, por exemplo, a número de plantonistas e infra-estrutura. Não tem sido mencionado problema da falta de recursos financeiros para criar as referidas condições; parece ser um problema de gestão, de planejamento, de previdência. Mas é sabido que os serviços do SUS, de modo geral, em Pelotas, como em todo o Brasil, têm enormes carências, sobretudo por escassez de recursos. A atual epidemia de dengue é um exemplo, em grande escala, da negligência dos responsáveis pelo setor de saúde pública, salvo exceções. O surto no Rio de Janeiro não é um caso isolado. O Brasil teve 560 mil casos de dengue no ano passado. A doença vem se espalhando pelas Américas. Há, desde 2007, evidências de que as cidades brasileiras estavam sob o risco de novo surto. Mas os governantes, em todos os níveis, não adotaram providências preventivas, como combater as larvas dos mosquitos. O mosquito tem se disseminado rapidamente, principalmente nas maiores cidades, relacionando-se com a existência de lixões – mesmo os chamados aterros sanitários – e moradias precárias, localizadas em áreas insalubres, alagadiças, que existem muitas em Pelotas. É preciso um esforço conjunto dos três níveis de Governo, intensificando os projetos de assistência básica, como os de agentes comunitários de saúde, que inclusive verifiquem nas residências a existência de possíveis focos do mosquito. Isso foi feito há poucos anos, em Pelotas, mas, depois, parou. O Governo Federal, que concentra grande parte da arrecadação de tributos nacional, alega falta de recursos para o setor. E está satisfeito pois o Brasil foi classificado como País seguro para o investidor estrangeiro. Mas a população está muito insegura devido aos problemas da dengue e da alta criminalidade.
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