domingo, 12 de agosto de 2007

Informação faz mal

Às vezes tenho a impressão de que não compreendo o que se escreve nos jornais. Vejo uma notícia e não entendo o que ela quis dizer. Exemplo: reportagem de hoje no Diário Popular mostra um projeto do jornal, o Pé na Escola, no qual uma determinada escola recebe o periódico (patrocinada por alguém) e o disponibiliza para alunos e professores se informarem (não vou entrar nesse mérito). Pois bem: a reportagem é um pouco estranha e diz, textualmente, que "para os alunos da Escola Estadual de Ensino Médio Edmar Fetter o universo da informação se resume a livros e jornais. Nada de Internet. É no Diário Popular, disponibilizado por meio do projeto Pé na Escola, que os 420 estudantes acompanham o cotidiano local, regional, nacional e internacional. E não é só essa escola que está desconectada da maior rede mundial de informações. De acordo com o assessor técnico da Secretaria Municipal de Educação (SME), Ivan Lafuente, dos 91 educandários municipais, quatro possuem laboratórios equipados e com sinal de Internet".
Ou seja: nada de Internet para os alunos da Edmar Fetter. Aliás, nem para eles e nem para outros 87 educandários municipais, de acordo com o assessor técnico da Secretaria Municipal de Educação Ivan Lafuente.
Dito da maneira que está na reportagem, isso parece ser bom. Não é. A Internet, hoje, é um meio indispensável de informação e de preparação para o futuro. Integrar alunos a essa realidade é obrigação do Poder Público. Naturalmente que a leitura de livros e jornais é importante, mas "nada de Internet?" O que o Diário Popular quis dizer com isso tudo? Isso é um atraso, prefeito Fetter Júnior. Veja como estão localidades semelhantes a Pelotas no quesito Educação. Veja como a inclusão digital é uma preocupação de governantes antenados com o futuro das crianças de seus municípios. Veja que ninguém mais faz cestas ou vasos de flores com sucata de jornal. Isso é um atraso, sr. prefeito. Não dá futuro a ninguém.
Leio também que "a vice-diretora do educandário, Nice Quevedo, concorda com os alunos que parte dos problemas pela falta de Internet foi solucionada com a entrega diária do DP." Ora, novamente sem entrar no mérito qualitativo do Diário Popular, é certo que ele, assim como qualquer jornal do mundo, é incapaz de solucionar a falta da Internet. Imaginar que sim é uma ofensa à capacidade intelectual dos cidadãos pelotenses. O bom mesmo é o Diário Popular, que também estampa o sobrenome Fetter no expediente? (será que a vice-diretora teria, por um minuto que seja, coragem de contrariar seu chefe, o prefeito Fetter Júnior, que também é acionista - com voz muito ativa - do Diário Popular?)
Outra coisa. A reportagem, que na versão on line não está assinada, afirma que "Em pouco tempo, a navegação digital se tornou parte fundamental da vida pessoal e profissional de boa parte da humanidade, mas tanto a sua importância como os efeitos que acarreta nos usuários ainda não são bem compreendidos. No caso das crianças, por exemplo, a janela para o mundo virtual pode mostrar um universo perigoso." De onde o repórter tirou essa bobagem? Quem disse isso? Que tipo de perigo a utilização da Internet na sala de aula pode trazer às crianças que um jornal, um livro ou uma revista mal-intencionados também não possam? Acorde, prefeito Fetter Júnior, acorde. Internet faz bem. Se apenas quatro educandários municipais têm conexão à Internet, Pelotas está muito atrasada em direção ao futuro. Essa responsabilidade é sua. Investir em Educação e inclusão digital é prioritário.
E, além disso, sem Internet, como é que alunos e professores poderão acessar este blog?


Cidade: Pé na Escola motiva alunos da Edmar Fetter
Livros e um jornal. Para os alunos da Escola Estadual de Ensino Médio Edmar Fetter o universo da informação se resume a isso. Nada de Internet. É no Diário Popular, disponibilizado por meio do projeto Pé na Escola, que os 420 estudantes acompanham o cotidiano local, regional, nacional e internacional. E não é só essa escola que está desconectada da maior rede mundial de informações. De acordo com o assessor técnico da Secretaria Municipal de Educação (SME), Ivan Lafuente, dos 91 educandários municipais, quatro possuem laboratórios equipados e com sinal de Internet.De acordo com a bibliotecária da Edmar Fetter, Maria Gomes, as visitas ao espaço aumentaram mais de 100% depois que a escola passou a ser beneficiada pelo Pé na Escola. “Muitos alunos não tinham o hábito de ler. Agora, antes do sinal, eles dão uma passada aqui para espiar, mas é nos intervalos e nas aulas que eles mais lêem”, disse. E quais são as editorias mais disputadas? Entre os guris, é unânime: o Esporte. Já as meninas elegeram a Cidade.O estudante do 1º ano do Ensino Médio, Wagner Leal, conta que tinha curiosidade especial de acompanhar as mudanças do mundo esportivo, mas sem acesso a um veículo de comunicação não dava. “Receber os jornais diariamente na biblioteca é um privilégio, facilita e ajuda muito nossa formação. E como nós não temos acesso à Internet aqui na Escola, o Jornal é um guia”, comentou. A estudante Maíra Barbosa reforça o valor do Jornal. “A gente lê o Diário logo de manhã, assim, quando alguém fala dos assuntos mais importantes, é possível opinar e debater”, falou.
A realidade da Internet
Nas escolas públicas, o uso da informática ainda é bastante limitado. A média brasileira é de um computador para cada cem alunos. Pesquisa do Ibope/NetRankings divulgada terça-feira aponta as diferenças regionais e sociais entre os internautas. Hoje o Brasil possui 22,5 milhões de pessoas com computador em casa, mas nem todos acessam a Internet.
Propagação mundial
Em meados de 1996, o número de usuários de Internet no planeta era estimado em 37 milhões - equivalente a 0,88% da população da época. Dez anos depois, 15,7% do mundo navega pela rede de computadores, com um total que já passou o primeiro bilhão de usuários, segundo dados do serviço Centro Mundial de Estatísticas da Internet.Em pouco tempo, a navegação digital se tornou parte fundamental da vida pessoal e profissional de boa parte da humanidade, mas tanto a sua importância como os efeitos que acarreta nos usuários ainda não são bem compreendidos. No caso das crianças, por exemplo, a janela para o mundo virtual pode mostrar um universo perigoso.
Levantamento do Ibope/NetRankings revelou que a Internet é mais usada por meninos e meninas na faixa dos dois aos 11 anos para pesquisas em sites de busca (68%), bater papo (66%), se juntar à comunidade de relacionamento (63%), mandar e receber mensagens (56%), jogar on-line (52%), ouvir músicas (39%), trabalhos escolares (22%), copiar imagens (20%) e visitar ou alimentar seus próprios fotologs (13%).

Instrumento didático
Mais do que para leitura, o DP serve de base às discussões em sala de aula. Além disso, um projeto de ecologia com mais de nove anos, coordenado pela professora Iara Rutz Devantier, usa as edições mais antigas em oficinas de artesanato. Dentre tantos utensílios, os alunos produzem cestas, fruteiras e vasos para flores. “O Jornal é utilizado em diversas áreas: leituras, recortes, artesanato, ortografia, literatura, história e muito mais”, afirmou Iara, ao comentar a importância do Pé na Escola.A vice-diretora do educandário, Nice Quevedo, concorda com os alunos que parte dos problemas pela falta de Internet foi solucionada com a entrega diária do DP. “Não temos previsão de quando o Estado irá liberar a Internet. A falta de material informativo atualizado era uma reclamação antiga dos professores e principalmente dos alunos”, afirmou. Nice diz ainda que a Edmar Fetter possui laboratório de informática, mas a Internet não é disponibilizada aos jovens por falta de profissional capacitado.

3 comentários:

Anônimo disse...

Isso é que se chama "lavagem cerebral"- monopólio da informação nas escolas.
Futuros eleitores - atenção ! Não acreditem em tudo o que lhes passam como "notícia" !
Ainda mais na época dos milhões que o prefeitinho(por sorte)fez o possível e o impossível "descolar" do governo federal para a terrinha!
Como bem expandido no famoso "último a saber".
Parabéns Masiero, sabes LER uma notícia. Isso é para poucos !
Até mais.

Anônimo disse...

Sinceramente, Irineu. Mais do que um deboche da cara dos leitores do DP, esta reportagem é uma provação, um tapa na cara eu diria. Não na sua, nem na minha, mas na cara do prefeito Fetter Junior e daquela senhora loura que se diverte ao aparecer nas pácinas sociais do próprio jornal.

Quem a escreveu sabia (e sabe!) muito bem o que diz. Não sejamos tolos. O povo não é. Não foi a toa que se buscou a informação de quantos computadores existem na rede municipal numa matéria que mostrava uma escola do Estado.

Maravilhoso! O "Pé na Escola" do Diário serve para mostrar o Pontapé que Fetter dá nas Escolas do município que governo. Bravo!

Informação velada num jornal onde as coisas não podem ser ditas. Lei da mordaça! Alguém está pedindo socorro!!!

Anônimo disse...

É isso que acontece nesse lixo de escola !
- Professores Ruins
- Internet Zero
E a merendinha ? Pro Ensino Médio não tem ?
AAAAAAA, COLÉGIO MAIS LIXO DO MUNDO !