A BPP vai se dar bem
A Bibliotheca Pública de Pelotas - que, de pública, não tem absolutamente nada e pertence a "cavalheiros" da cidade - pode receber uma bolada da Votorantim Celulose e Papel (VCP, a mesma empresa eu pretende plantar eucaliptos na Zona Sul do Estado. Bem, em se tratando de dinheiro privado para uma empresa privada, tudo está bem. O negócio pega se um projeto público, como por exemplo, o Projeto Monumenta, quiser bancar o investimento (até pode, mas tem de estar dentro das normas, que são restritivas). Bem, o MP já deve estar de orelhas em pé a observar esses movimentos.
Cidade: Obras na BPP são analisadas
Ivelise Alves Nunes
A pedido da Votorantim Celulose e Papel (VCP), um dos mais renomados arquitetos brasileiros e ex-coordenador do Programa Monumenta, Marcelo Ferraz, visitou ontem as obras de restauro da Bibliotheca Pública Pelotense (BPP), indicadas por ele mesmo para receber da empresa o investimento de R$ 500 mil nesta primeira etapa de recuperação do prédio histórico, que deve estar concluída até o dia 15 de setembro. O custo do projeto total, no entanto, chega a R$ 2 milhões. Na condição de consultor, Ferraz deverá elaborar um documento para encaminhar à VCP com a avaliação desta fase inicial das obras.
Encantado com o que viu no interior do imóvel, o arquiteto lembrou que conheceu a BPP em 2003, quando veio a Pelotas pela primeira vez para a inauguração do chafariz Fonte das Nereidas, na praça Coronel Pedro Osório. “Na época dei uma passada rápida pela Bibliotheca, por isso sabia da riqueza existente aqui, mas não tinha idéia que o tesouro era tão grande”, ressaltou. Depois disso, conta, foi procurado pela VCP para indicar cinco locais que necessitassem de restauro e, em conversa com a superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional no Estado (Iphan/RS), Ana Meira, soube do projeto de restauro do imóvel e indicou a obra.
“Quando vim a Pelotas pela primeira vez fiquei impressionado com o tamanho do patrimônio desta cidade e o conjunto arquitetônico. Isto não é só da cidade, é do Brasil”, enfatizou Ferraz.
Visita é acompanhada por técnicos
Acompanharam Ferraz durante a visita, a responsável técnica pela obra, a arquiteta Helenice Macedo Couto, o proprietário da empresa executora, engenheiro Vittorio Ardizzone, as representantes da Ato Produção Cultural, Beatriz e Roberta Araújo e o conservador e encadernador da BPP, Alex Perlemberg. De acordo com Helenice, do montante geral a ser restaurado no prédio (que tem ao todo 1.340 metros quadrados, divididos em dois pisos), a primeira etapa (que compreende 565 metros quadrados) corresponde a 40% do volume da obra. Em termos financeiros os R$ 500 mil equivalem a 25%, esclarece.
A arquiteta informou que o madeiramento e a fiação elétrica do imóvel eram os mais prejudicados. “Os fios ainda eram daqueles enrolados em panos, oferecendo riscos de incêndio a qualquer momento.” Segundo ela, agora tudo foi feito conforme os padrões de exigência da CEEE, assim como as redes lógica e telefônica. Depois de percorrer as duas salas do acervo geral e a sala de empréstimos, no térreo, o grupo se dirigiu ao salão nobre, no andar superior e visitou os demais ambientes. Na sala de documentação, onde ficam as seis toneladas de jornais (quatro delas só do Diário Popular) o arquiteto Ferraz conheceu parte do acervo, sob a orientação do conservador e encadernador da BPP, e definiu algumas peças como “preciosidades”.
um prédio histórico
A recuperação da primeira etapa do prédio da BPP, que foi construído entre 1881 e 1915, começou no início deste ano. Orçada em R$ 500 mil, a obra cumpriu o cronograma estabelecido que apontou como prazo para conclusão oito meses.
Localizado na praça Coronel Pedro Osório, 103, o local permaneceu em funcionamento durante todo o período de obras com atendimento aos sócios no horário das 8h ao meio-dia e das 13h30min às 17h30min.
A história conta que a Bibliotheca foi fundada por diversos cavalheiros da sociedade local, com o objetivo de colaborar para o conhecimento intelectual e cultural dos pelotenses.
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