quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Faltou apuração

Esta reportagem do Diário Popular está um pouco esquisita. Um repórter vai à sala de operações do Samu, fica lá por duas horas e determina que 70% das ligações são trotes - de 40 recebidas, 28 são de mentira. Ou seja: é uma hipótese leviana, lançada para justificar sabe-se-lá-o-quê. Esse índice não tem nenhum caráter científico, é um verdadeiro chutômetro. Se não, vejamos: apesar desse número altíssimo de trotes diariamente, ninguém foi apanhado pelo sistema de identificação de chamadas? Certamente não. A mim, daqui de muito longe, me parece que esta matéria é uma justificativa oficial para o fato de que não existem ambulâncias suficientes para dar um atendimento adequado à população. Quantas seriam necessárias? Não sei: a reportagem esqueceu de dizer quantas elas são e quantas estão em funcionamento (O número de veículos do Samu em Pelotas é proporcional ao número de habitantes, conforme determina a lei., diz o texto oficial). Considero que seria um serviço muito útil para a população saber esses dados. Além disso, acredito que a falta de informatização nesse tipo de atendimento (principalmente numa cidade do tamanho e a importância de Pelotas) é também responsável pela precariedade desse serviço (A Sala de Regulação ainda não foi informatizada, mas o coordenador geral do Serviço, Eduardo Moreira Mussi, afirmou que na próxima semana deverá ser instalado um computador e existe projeto para informatizar todo o sistema, o que irá facilitar o trabalho das equipes, diz o texto oficial). Uma reportagem bem feita poderia esclarecer toda uma problemática que apareceu no próprio Diário Popular em relação as reclamações de usuários do sistema há algumas semanas. Acredito que na próxima semana o Diário Popular deve ir à sala de Regulação verificar se o computador foi instalado. É, meus caros, fazer jornalismo não é lá muito fácil. Dá um trabalho...

Cidade: Cerca de 70% das ligações ao Samu são trotes
Jussara Lautenschläger
No período de aproximadamente duas horas a Sala de Regulação do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) recebe uma média de 40 telefonemas em dias avaliados como tranqüilos pela equipe de plantão. Desse total, em torno de 70% são trotes dos mais variados tipos, desde crianças com brincadeiras até pessoas que dizem palavras de baixo calão às telefonistas. A Sala de Regulação do Samu, local onde fica a equipe integrada por uma telefonista e radioamador, uma telefonista auxiliar de redação médica (Tarm) e dois médicos, não é nada tranqüila, e mesmo na tarde avaliada como calma o telefone não pára de tocar. Mesmo com sistema de identificador de chamadas os trotes não cessam.O coordenador geral do Samu, médico Eduardo Moreira Mussi, relata que a população precisa se conscientizar de que o 192 é para ser discado apenas em casos de urgência e emergência. Um telefone do Samu ocupado por causa de um trote pode prejudicar a população que necessita de um atendimento de urgência.A telefonista auxiliar de redação médica (Tarm), Adriana Crizel Pinheiro, explica que em geral os telefonemas de orelhão são trotes.
Triagem é necessária
A radiooperadora e telefonista Adriane San Martin explica a necessidade de fazer perguntas como o nome da pessoa, se está próxima do doente e se ele está consciente ou não. “Uma ficha é preenchida e repassada imediatamente ao médico, que tenta identificar se o caso é muito grave ou não, para definir o tipo de ambulância a ser deslocada. As pessoas muitas vezes se ofendem se perguntamos se a vítima respira normal ou não”, explica Adriane.O médico Daniel Vantis conta que é necessário saber a idade aproximada do doente, se ele está consciente ou não, se conversa e se está machucado. “Com estes dados já podemos avaliar se será encaminhada uma Unidade Básica ou a Unidade Avançada”, diz.Mas existem problemas que são difíceis de resolver. A médica Edi Marlene Santana Monteiro relata o de uma idosa que é diabética e devido à medicação errada a sua glicose fica alterada, em geral com hipoglicemia. “Os parentes sempre chamam o Samu e já pedimos para a paciente ser encaminhada à Unidade Básica de Saúde mais próxima a sua residência, para uma consulta. Mas nada é feito”, conta a médica.
Constatação in loco
Durante as horas que a reportagem do Diário Popular esteve na Sala de Regulação muitas chamadas foram atendidas e as ambulâncias não pararam no estacionamento do prédio em que funciona o órgão. Um dos casos atendidos foi de um homem caído em via pública com sinais de uma provável crise convulsiva. Mais de três telefonemas informaram a mesma situação: um homem de meia idade caído na rua Marechal Floriano com General Osório. Em minutos a ambulância chegou no local e um homem voltou a telefonar para agradecer o serviço e a rapidez do Samu. “Fato difícil de ocorrer”, relata Adriane. O diagnóstico final é de uma crise de hipertensão e a orientação é levar o paciente para o Pronto-Socorro de Pelotas (PSP).Uma situação curiosa foi de uma mulher que pediu socorro para a filha que estava com dores. O médico Vantis ao pedir para falar com a jovem percebeu que ela conversava normalmente e poderia esperar alguns minutos, pela ambulância da Prefeitura, que a levaria até o PSP. A resposta foi imediata: “Não preciso mais”. Segundos depois sua mãe liga e pede desculpas. Minutos depois outro telefonema: a mãe da jovem pergunta ao médico se a filha pode tomar banho antes de ir para o PSP.Outra situação curiosa foi de um jovem de 15 anos que sua mãe não conseguia acordá-lo. O médico pergunta se ele havia ingerido bebida alcoólica ou drogas e a mãe diz que não. Uma ambulância se desloca até o local. Ao chegar na residência o rapaz já havia sido levado para o PSP. A mãe então confessa que ele estava embriagado.O dia-a-dia dos plantonistas não é fácil e acidentes graves mobilizam a Unidade Avançada e também a Básica. Em casos como estes diversas pessoas ligam e comunicam o acidente. Outro fato que também ocorre se refere a situações em que todas as ambulâncias do Samu estão em atendimento e existem duas a três chamadas de urgência que necessitam de socorro. O número de veículos do Samu em Pelotas é proporcional ao número de habitantes, conforme determina a lei.
Orientações para urgência e emergência
O Samu é um trabalho de socorro médico de casos de urgência e emergência com origem na França, explica o plantonista Daniel Vantis. Todo o procedimento realizado é de acordo com as normas estabelecidas.A decisão de enviar uma Unidade Avançada, com equipamentos de uma Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), em um socorro deve ser tomada em segundos, conforme as informações repassadas pelo telefone. “Se enviasse uma Unidade Avançada para atender o caso do adolescente que não acordava, não teria o veículo para o acidente”, relata.A Sala de Regulação ainda não foi informatizada, mas o coordenador geral do Serviço, Eduardo Moreira Mussi, afirmou que na próxima semana deverá ser instalado um computador e existe projeto para informatizar todo o sistema, o que irá facilitar o trabalho das equipes. Junto ao prédio do Samu também funciona o Serviço de Ambulância da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) que transporta pacientes para tratamentos em outras cidades e para hemodiálise, fisioterapia e quimioterapia. O telefone para este serviço é 3227-6143.

Um comentário:

Anônimo disse...

O jeito Fetter Junior de fazer jornalismo!