Dúvidas do leitor
Leitor anônimo - mas extremamente atento - postou um comentário interessante e ao mesmo tempo, preocupante. Vou publicá-lo na íntegra para dar maior visibilidade. Logo após, faço os comentários.
MAIS DO MESMO!?!?!?
Veja que beleza esta reportagem publicada na edição conjunta do 'Diário Oficial' desta quinta/sexta-feira (07 e 08/06). Repare no último parágrafo, “Imprevistos de última hora”. Atente para o trecho “assim que chegou a Pelotas”.
É extremamente curioso. Segundo o secretário Marcelo Mazza Terra, o reitor da UFPel, César Borges, não conseguiu participar das reuniões sobre o projeto na Espanha, devido a “problemas na agenda”. Ao mesmo tempo, afirma que “as informações discutidas foram repassadas para César Borges que, assim que chegou a Pelotas, nomeou profissionais UFPel para agilizarem o trabalho”.
Exposta a tão plausível justificativa de Terra, ficam as dúvidas:
César Borges foi à Espanha? O trecho “assim que chegou a Pelotas” permite concluir que sim. Se realmente foi, porque não participou das reuniões, uma vez que teoricamente viajou para isso? O que realmente fez durante a viagem? Turismo? E mais: quem pagou as diárias do reitor? Será a assessoria da UFPel capaz de responder tais dúvidas?
MATÉRIA PUBLICADA NO DP
Cidade: Grande Hotel pode voltar a receber hóspedes
A iniciativa é ousada: por meio de parceria com as universidades Católica (UCPel) e Federal de Pelotas (UFPel) e o Centro Superior de Hotelaria e Turismo (de Valência, na Espanha), a Secretaria Municipal de Turismo, Esportes e Lazer (STE) assinou um termo de intenções cujo teor sugere a reabertura do histórico casarão do Grande Hotel com suas funções hoteleiras. Os representantes dos órgãos envolvidos voltaram de Valência na semana passada com novidades sobre o andamento do projeto.
Conforme o titular da STE, Marcelo Mazza Terra, além de aumentar os leitos na área hoteleira e fomentar o ciclo turístico e econômico da região “vendendo a cidade a partir de sua história”, a iniciativa pretende suprir as necessidades de qualificação de mão-de-obra na área. Para tanto, um estudo de viabilidade econômica está sendo preparado pelo governo espanhol para avaliar a possibilidade de implantação de um Hotel-Escola. Assim, seriam possíveis não somente a inclusão de alunos do curso de Turismo das universidades locais, como também a realização de intercâmbios com estudantes estrangeiros. “Esta não é uma proposta que entra para concorrer com os hotéis existentes, mas para qualificar o mercado turístico, ainda tão pequeno”, explicou Terra.
Na divisão das tarefas, a Prefeitura assumiria a responsabilidade pela reforma interna do prédio, contando, em princípio com recursos de um segundo convênio com o Programa Monumenta, do Governo Federal. As universidades, por sua vez, seriam responsáveis pelo deslocamento de alunos, assim como ocorre com os residentes nos hospitais-escola. Os professores atuariam na orientação desses estudantes e também ministrando cursos em nível de especialização. Já o Centro Superior de Hotelaria e Turismo, entraria com toda a instalação do mobiliário e se comprometeria em fornecer capacitação técnica para as equipes locais de trabalho.
“Tivemos a oportunidade de conhecer de perto o funcionamento de um centro que é referência mundial no segmento de hotelaria e restauro e percebemos que eles têm uma visão muito mais abrangente que só o público de Pelotas e região. Eles têm um foco de movimentar todo o Mercosul, em função disso”, explicou, empolgado. Agora, o momento é de acelerar os detalhes sobre gerenciamento, administração, intercâmbios e capacitação. “Começaremos um verdadeiro esforço de guerra para que o projeto possa ficar pronto o quanto antes”, adiantou o secretário.
opinião do reitor da UCPel
Na opinião do reitor da UCPel, Alencar Mello Proença, a impressão deste primeiro contato foi a melhor possível. “A equipe de Valência demonstrou uma disposição muito clara em vir implantar um hotel-escola aqui. Se efetivamente o empreendimento vier para Pelotas, a parte acadêmica já está devidamente encaminhada”, afirmou o reitor. Inaugurado em 1928 e inativo há mais de quatro anos, atualmente o Grande Hotel serve de sede para as salas de exposição Antônio Caringi e Frederico Trebbi e abriga ensaios de grupos artísticos, como a Orquestra Filarmônica e o Teatro Escola de Pelotas (TEP). São 3.050 metros quadrados de área.
Imprevistos de última hora
Em função de problemas na agenda, o reitor da UFPel, César Borges, não conseguiu participar das reuniões sobre o projeto na Espanha, semana passada. Entretanto, Marcelo Mazza Terra garantiu que os imprevistos não atrapalham em nada a participação da Universidade na iniciativa. “Logo após, todas as informações discutidas foram repassadas para ele que, inclusive, assim que chegou a Pelotas, nomeou profissionais do Departamento de Arquitetura da UFPel para agilizarem o trabalho neste sentido, como já estão fazendo”, afirmou o secretário. (Taís Brem)
Muitas dúvidas
O leitor tem razão: o magnífico reitor foi ou não foi à Espanha? Fazer exatamente o quê? Com quem? Se foi, que tipo de imprevisto aconteceu? Se, de fato, isso ocorreu, este imprevisto pode ser publicado? Se o magnífico reitor foi à Espanha, quanto gastou com a viagem? Se foi, e teve acompanhantes, quanto eles gastaram? Se César Borges foi à Espanha, quanto tempo ficou e em qual hotel pernoitou? Se ele fez essa viagem, qual foi a agenda? Tudo isso, se de fato aconteceu, deve permanecer em segredo?
Mais dúvidas
Muito bem; a UCpel falou, a Secretaria Municipal de Turismo, Esportes e Lazer falou, a UFPel não falou nada e muito menos o Centro Superior de Hotelaria e Turismo de Valência. Estranho, muito estranho, não? As autoridades que foram poderiam, ao menos, mostrar à Imprensa o "termo de intenções"? Afinal, embora a transformação do Grande Hotel em hotel-escola seja uma boa opção, é preciso saber quem vai pagar a conta e quanto isso vai custar. Só desejo, com toda a intensidade, que a Fundação Simon Bolívar não se meta nisso também.
Site da Prefeitura
Para ajudar um pouco nas respostas ao nosso atento leitor anônimo, aí vai a íntegra da notícia publicada no site da Prefeitura Municipal de Pelotas. Em negrito, os participantes da reunião - segundo o inatacável site da Prefeitura pelotense.
Grande Hotel pode retomar sua função de origem – a hospedagem
Negociações entre Prefeitura, universidades e grupo espanhol visam devolver o Grande Hotel a sua função de origem – a hospedagem.
Apreciadores do requinte arquitetônico, acadêmicos, viajantes e turistas são o público que deverão dividir, num futuro próximo, o espaço entre os 3.050 metros quadrados do imponente e histórico prédio do Grande Hotel de Pelotas.
Recentemente, representantes de entidades públicas, privadas e Governo municipal estiveram reunidos na Espanha, para estudar a viabilidade de reconduzir o prédio, que hoje abriga duas salas de exposições, aos serviços de hotelaria. Além disso, para o local ainda está previsto uma Escola profissionalizante do ramo hoteleiro, agregando gastronomia, cultura, economia e capacitação.
Depois da assinatura do termo de intenções entre a Prefeitura e o Centro Superior de Hotelaria e Turismo de Valência, em janeiro, o encontro desta semana, na cidade espanhola, foi para conhecer o modelo do sistema Hotel-escola desenvolvido naquele país e acertar a participação de cada instituição numa parceria para reativar a atividade natural do Grande Hotel.
Durante dois dias o diretor do Centro de Hotelaria, Angel Campillo, apresentou ao secretário municipal de Turismo, Marcelo Mazza Terra, e aos reitores das universidades Federal e Católica, César Borges e Alencar Proença, respectivamente, detalhes de funcionamento como gerenciamento, administração, intercâmbios e ensinos técnicos e de pós-graduação.
Conforme Marcelo Mazza Terra, a idéia fundamental de consenso é trazer para Pelotas um investimento que, além de somar no aumento do número de leitos para o setor hoteleiro, seja um atrativo diferencial e fundamentalmente supra a necessidade de qualificação da mão de obra do segmento. “A ativação do Grande Hotel tem todo este significado. Passaremos a vender Pelotas a partir de sua história, desenvolvendo por conseqüência os demais setores vinculados ao turismo”, comentou Terra.
De acordo com a proposta inicial, à Prefeitura ficaria o encargo da reestruturação interna da construção, dando condições de instalação para o investimento. Ao Centro Superior de Hotéis caberia a montagem de todo equipamento mobiliário e disponibilização de profissionais para a qualificação da mão-de-obra local. As universidades entrariam com os espaços físicos e intercâmbios.
A corrida agora, segundo Mazza, é para formatar as mudanças de análise econômica e financeira do Programa Monumenta para adequar os recursos disponíveis pelo Programa às modificações previstas para o prédio. O prazo para as mudanças do projeto que ainda englobam Casarão 6, e Mercado Central, estipulado pelo IPHAN, é até setembro.
Data: 01/06
Hora: 17:33
Redator: Cesar Soares
Fotógrafo: Vanderlei Porto
Respostas
Por conta de tantas perguntas, nada mais correto para um jornalista e justo para aquele que é objeto de questionamentos que fazê-las diretamente aos responsáveis. Portanto, vou encaminhar ao sr. Clayton Rocha e-mail com minhas dúvidas. Abaixo, o teor do e-mail enviado hoje, 9 de junho:
Prezado sr. Clayton Rocha, assessor de Imprensa da Universidade Federal de Pelotas (ccs@ufpel.edu.br)
Como cidadão que preza a transparência na coisa pública, gostaria de saber o que segue:
1) O magnífico reitor da UFPel César Borges foi à Espanha para firmar acordo com o Centro Superior de Hotelaria e Turismo, em Valência?
2) Em que período?
3) O reitor foi só ou acompanhado? Se acompanhado, de quem?
4) Qual o custo da viagem (hospedagem - por favor dizer qual hotel - , passagem - qual classe, alimentação e eventual verba de representação)? A conta dessa viagem está disponível na Internet?
5) Conforme site da Prefeitura de Pelotas, "Durante dois dias o diretor do Centro de Hotelaria, Angel Campillo, apresentou ao secretário municipal de Turismo, Marcelo Mazza Terra, e aos reitores das universidades Federal e Católica, César Borges e Alencar Proença, respectivamente, detalhes de funcionamento como gerenciamento, administração, intercâmbios e ensinos técnicos e de pós-graduação". Essa versão corresponde à realidade?
6) Se for verdadeiro o que o site da Prefeitura publicou, quais os "imprevistos" que impediram o magnífico reitor César Borges de participar das reuniões, segundo publicado no Diário Popular? Nesse caso, quem o representou nas reuniões?
7) A viagem do reitor - e eventuais acompanhantes - ficou restrita a Valência?
8) Existe documentação fotográfica oficial dessa viagem do magnífico reitor César Borges?
No aguardo das respostas e ciente que a transparência nos negócios públicos é um dos objetivos da UFPel,
Agradeço antecipadamente,
Irineu Masiero
2 comentários:
Humm...
Este sr., Marcelo Mazza Terra, secretário de turismo, não é o mesmo que no verão de 2005 foi pego curtindo onda, na praia do Cassino, em horário de expediente da Prefeitura?
O Povo de Pelotas quer saber!!!
1) É o mesmo que no horário de expediente estava no cassino com a filha pequena;
2) Sr. Irineu, um dos que foram com o "Magnífico Reitor" à Espanha foi o servidor João Carlos de O. Koglin, sendo fácil de comprovar pegando a portaria do Reitor e ver se bate com o período do servidor citado(Portaria 582/2007);
3)Outro que viaja seguido com o "Reitor" é o Leandro César Lopes, que nem servidor público federal é, apenas irmão do Vigilante Alexandre Lopes que foi nomeado Diretor do Centro Agropecuário da Palma, pelo visto sendo o bastante para ele assumir o cargo de Coordenador Administrativo da Unipampa Jaguarão, recebendo CD-4 (em torno de R$ 3.500,00, cfe Portaria 909/2006). Não sei se estou correto, mas acho um absurdo sair Portaria liberando o sr. acima citado que nem funcionário é, citando-o como SERVIDOR e o liberando para viagens para o exterior (Portaria 1591/2006 e Portaria 113/2007), sendo de fácil comprovação as viagens juntos olhando os relatórios de diárias e passagens que se deve preencher quando do retorno, tanto do Sr Reitor quanto de seu protegido.
Não sei se todas as viagens do Leandro foram na sua totalidade com o Reitor, mas pelo que se comenta na universidade, sim. Quanto ao Servidor João Carlos Koglin tenho absoluta certeza da viagem a Espanha foram juntos e pelo que vi só não sei aonde pois o sr. Marcelo Terra, aquele da praia do cassino, não o encontrou por lá.
Só lhe peço desculpa pois não posso me identificar porque trabalho nesta instituição.
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