As versões da queda de Beatriz Araújo
A conclusão fica por conta de cada um. No Diário Popular de hoje o prefeito repete o que disse à sua assessoria e Beatriz Araújo explica os motivos. Tem algo estranho aí: se é verdade que Beatriz Araújo foi exonerada por se recusar a assinar um empenho com base em orientação do Ministério Público, isso significa que o prefeito Fetter Júnior queria obrigá-la assinar o documento mesmo com conhecimento da irregularidade? Ela também faz acusações contra a Procuradoria do Município que precisam ser respondidas (em negrito). Atenção pelotenses, atenção: o prefeito Fetter Júnior encontrará alguém que assinará o empenho sem questionar? Leia o texto do jornal:
Cidade: Beatriz Araújo é exonerada
Tânia Cabistany
A secretária municipal de Cul tura, Beatriz Araújo, foi exonerada da função ontem à tarde pelo prefeito Fetter Júnior. O motivo da saída, segundo ele, está ligado à oposição sistemática da ex-secretária a iniciativas do Governo Municipal. Assume a pasta o secretário-adjunto Mogar Pagana Xavier, também do PPS.“Nas últimas semanas, Beatriz Araújo passou a divergir das orientações do Governo, opondo-se às nossas ações. Lamento muito a saída dela, mas os interesses da Prefeitura e, por conseqüência, da população, se sobrepõem a todo e qualquer outro interesse”, ressaltou Fetter Júnior.O prefeito explica que vinha tentando superar as divergências com a ex-secretária, mas garante que elas se tornaram insuperáveis. “Nós não pretendíamos chegar a este extremo, mas infelizmente ela não quis se enquadrar em nossa sistemática de governo e entendemos que sua saída era o melhor para todos, inclusive para o prosseguimento do bom trabalho da Secretaria de Cultura.”A decisão de exonerar a ex-secretária foi tomada em conjunto pelo prefeito Fetter Júnior e o PPS, partido de Beatriz Araújo, a partir de manifestação do presidente municipal da sigla, Saad Amin Salim. As divergências e a sistemática oposição da ex-secretária ao Governo eram do conhecimento do diretório.
O que diz Beatriz
Em coletiva convocada para o final da tarde de ontem, Beatriz Araújo disse que sua exoneração, comunicada pelo secretário de Governo, Abel Dourado, ontem às 16h30min, ocorreu devido à discordância por um dispositivo de licitação a qual a Secretaria de Cultura estaria à frente. Trata-se da contratação de projeto de um escritório de Porto Alegre para a restauração interna do Grande Hotel - obra orçada em R$ 60 mil. Conforme Beatriz, sua negativa em assinar o empenho teve como base a orientação do Ministério Público (MP). Consultou o MP porque tinha conhecimento, desde janeiro, que dia 29 de setembro é o último dia para contratação de obras dentro do Programa Monumenta e poderia faltar tempo para os procedimentos necessários até essa data. “A partir daí iniciei um processo de sensibilização para irmos - o prefeito e eu - a Brasília a fim de renegociar algumas questões e buscar mais recursos, mas a viagem só aconteceu em maio e a partir daí o Governo (Municipal) correu atrás do prejuízo (elaboração do projeto)”, disse.Beatriz destacou que esteve dois anos e meio como titular da Secretaria de Cultura e frisou: “Tive a honra de ser escolhida por um homem público, de trajetória ética, que atuou na cultura como nenhum político. Bernardo de Souza desencadeou todo o processo de preservação do patrimônio de Pelotas”. Segundo ela, não foi fácil estar à frente da pasta sem contar com Bernardo, para quem a cultura tinha um peso muito grande. Beatriz disse ter encaminhado pedido de informação à Procuradoria do Município, acerca do processo, mas afirma nunca ter recebido resposta, da mesma forma com que ficou parada sua proposta de criar uma Lei Municipal de Incentivo à Cultura. “Saio muito tranqüila, um pouco entristecida por ter visto que o esforço feito por algumas coisas não chegou onde gostaríamos; sempre fui muito combativa e isso, muitas vezes, não é o esperado”, comentou.Beatriz também anunciou que vai retomar o trabalho na sua empresa, a Ato Produção Cultural, e tocar os projetos que estão em “marcha lenta”, como o da Biblioteca Pública Pelotense e do Instituto João Simões Lopes Neto.
Apoio da equipe
Junto com Beatriz Araújo saíram outras seis pessoas de sua equipe, que optaram por pedir exoneração dos cargos de diretores. Deixaram a pasta Sérgio Sisto, Alessandra Ferreira, Ígor Simões, Renata Porcellio, Lúcio Xavier Alves e Alex Ramirez (voluntário).
2 comentários:
Irineu volto a comentar:
Porque a Ex-secretária não cita para a imprensa sobre o Ofício 1325/07 (se não me engano o número) aonde ela pediu ajuda no impasse junto a procuradoria e não obteve resposta nenhuma, e teve que enviar um outro reiterando ajuda na solução do caso e o procurador nem sequer se deu o luxo de responder. Para ela demonstrar o desinteresse da administração na solução do problema e deixando o prazo ficar exíguo para tentar justificar uma "Dispensa de Licitação".
Porque se ela deixar assim, ficará somente o parecer do prefeito no "Diário Oficial".
Esta história está muito, mas muito mal explicada mesmo pelo Sr. Prefeito. Afinal dispensar licitação, dependendo do caso, é um crime barra pesada, com pena mínima de 3 anos de reclusão, e também ato de improbidade administrativa. Se a Secretária procurou o Ministério Público, que a aconselhou a não dispensar a licitação, porque não era caso de dispensa, e mesmo assim o contrato foi fechada com a tal empresa de Porto Alegre, a coisa é muito feia para a administração municipal.
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