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Manchete do Diário Popular descarta, de cara, alguns possíveis candidatos a prefeito em Pelotas. Competência já é uma qualidade difícil de se encontrar. Ética, então, nem se fale. As duas juntas, num só candidato, são impossíveis. O eleitor pelotense deve avaliar bem o que quer. Exemplos de competência não faltam na Saúde, na Educação, na segurança. A hora é de mudar.
Cidade: "O eleitor não é uma tábula rasa"
Inês PortugalEm ano eleitoral, as conversas em torno do tema ganham uma maior proporção. Quem não entende do assunto aproveita para se familiarizar e os especialistas procuram traçar as tendências momentâneas. Ainda é cedo para apontar preferências, mas já está certo de que este ano os eleitores deverão analisar as opções com base na competência administrativa e na eficácia ética. Na semana passada, o Instituto de Ciências Humanas (ICH/UFPel), em parceria com o Instituto de Sociologia e Política e o Mestrado em Ciências Sociais, promoveu uma série de palestras durante o 1º Encontro Internacional de Ciências Sociais e o 3º Encontro de Ciências Sociais do Sul, que teve como tema Democracia, desenvolvimento, identidade. Uma das mesas de discussão mais concorridas do evento foi Partidos e eleições, com os professores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), André Luiz Marenco dos Santos e Luís Gustavo Grohmann. Os dois cientistas conversaram com o Diário Popular e analisaram o atual cenário político do País. Até porque as eleições municipais, que serão realizadas em outubro, respondem muito fracamente à dinâmica imediata do plano federal. Então, a alta da popularidade do presidente da República não irá interferir nas eleições locais? Na opinião de André Luiz e Grohmann, a resposta é negativa. "Mesmo com investimentos em infra-estrutura e que criam um certo clima favorável às forças aliadas ao presidente, isso não significa que este tipo de movimento político se coloque sob o ponto de vista da votação. As eleições locais têm dinâmicas absolutamente locais", justifica o segundo. Marenco concorda e acrescenta que o PMDB, por exemplo, sequer participou das últimas eleições presidenciais, porém, foi o partido com maior força no número de prefeitos e de vereadores eleitos em 2004. Em contrapartida, o PT - vencedor em 2002 e em 2006 - teve uma expressão pequena em 2004 em termos de número de votos para os mesmos cargos. "O que vem ocorrendo no País é uma tendência dos conservadores terem base municipal e os partidos tidos como desafiantes nas eleições nacionais lucrarem com o passar do tempo. Isso aconteceu com Arena e MDB, depois PDS e PMDB, depois foi a vez do PSDB se expandir e agora o PT, embora em um ritmo mais devagar." Teste Para os cientistas, o grande teste em outubro será a constatação de quanto o Partido dos Trabalhadores irá crescer ou não nos municípios pelo efeito de ser governo no País. Em 2004, quando já era governo, ele duplicou, embora tenha permanecido com uma expressão relativamente marginal. No âmbito municipal, as eleições obedecem à realidade local, inclusive porque o tamanho do município importa e muito. Cidades que possuem alto grau de urbanização e de complexidade social têm dinâmicas completamente diferentes de pequenos municípios. Cada local tem suas próprias particularidades que geram resultados macro, com reflexos na cena política. Votação em figura esdrúxula é eventual Nos últimos 20 anos uma tendência que tem ocorrido no Brasil é o decréscimo expressivo de votos nulos e brancos. "Em qualquer nível, seja em eleições presidenciais ou mesmo para a Câmara dos Deputados, o percentual de votos brancos ou nulos tem ficado abaixo a 10%", ressaltam os professores. Mesmo depois dos escândalos do Mensalão, quando se esperava que a crise política deflagrasse um descontentamento geral, houve a manutenção de uma tendência. Como resultado de um aprendizado que o tempo produz, os eleitores têm cada vez votado menos em figuras esdrúxulas e mais em grandes partidos. Na verdade, a votação em figuras esdrúxulas não é sistemática, é eventual. Sempre existem personagens folclóricos nas nominatas dos partidos que podem ser eleitos ou não. Voto uninominal merece reflexão Um drama que merece análise mais profunda está no fato de a eleição no Brasil ser uninominal. O eleitor vai até a urna e marca o nome de um determinado partido. O seu voto computa para que este partido eleja determinado número de cadeiras. Porém, só os mais votados são eleitos. Os bem votados que não conseguem alcançar o ordenamento da lista perdem a eleição. Neste caso, na maioria das vezes o eleitor fica sem sua representatividade. Aí se verifica certo deslocamento entre aqueles que são eleitos e os que não são eleitos em relação ao eleitorado. O cidadão tende a acompanhar o sujeito que elegeu. Os que não tiveram a sua opção bem premiada, caso não haja uma ligação muito específica com o candidato, geralmente pulam para outro ou até esquecem em quem votaram no último pleito. Isso faz com que um grande número de pessoas não acompanhe os sinais da representação daqueles que estão no poder. "Este não é o meu representante, eu não o elegi", dizem. O fato lamentável gera uma série de conseqüências do ponto de vista político também. Hoje a Câmara de Vereadores de Pelotas tem, por exemplo, 25% dos votos válidos, acrescentam. O que não deixa de ser um hiato de impacto na percepção política das pessoas. Participação feminina cresce A efetividade da participação feminina aumentou consideravelmente. Porém, as mulheres não têm usado apropriadamente o espaço que lhe foi concedido, já que a legislação brasileira prevê uma reserva de 30% da lista de candidatos a elas. "Sem contar que o sistema de cotas é mérito apenas da América Latina." Na Suíça as mulheres só conseguiram ir às urnas em 1971. Na França em 1945. No Brasil, em 1932 o presidente Getúlio Vargas promulgou o Código Eleitoral, estendendo o direito de votar a toda mulher maior de idade. Hoje, apesar de a mulher ter mostrado seu valor e sua garra, poucas exercem cargos parlamentares ou executivos. Mesmo durante as campanhas pode-se observar uma discrepância entre o número de candidatos e o de candidatas. Cenário nacional em aberto No Rio de Janeiro o prefeito César Maia - que está no seu terceiro mandato, dois consecutivos e um intercalado - deve deixar definitivamente o poder. Em São Paulo confirma-se a tendência da polarização PT e PSDB, com o desaparecimento do Malufismo. Na Bahia esta será a primeira eleição após o falecimento de Antônio Carlos Magalhães (ACM), uma referência muito forte na política e na cultura daquele estado. Em Porto Alegre, de acordo com os cientistas, outubro terá uma eleição diferente dos últimos quatro pleitos. De alguma forma, o cenário está mais parecido com a eleição de 1988, com a presença de indefinições e alternâncias. O eleitorado do PT, por exemplo, está dividido entre três candidaturas: Luciana Genro (PPS), Maria do Rosário (PT) e Manuela D'Ávila (PC do B). Ainda na capital, o candidato alternativo ao PT, o prefeito José Fogaça (PMDB), parte de um patamar relativamente baixo. Nas últimas pesquisas do Ibope seu índice de rejeição de 32% era muito alto. O interessante é que ele tem os melhores desempenhos entre os mais ricos ou os mais pobres, lembra os professores. Trata-se de um pleito indefinido. Todo esse eleitorado que foi do PT até 2004 está dividido em três candidatos e há uma alternância quanto aos dois nomes que ficarão definidos. O eleitor corre para suprir alguma lacuna Duas coisas são importantes na definição do cenário: a política de coalizões, de coligação eleitoral, e o espaço gratuito na TV para desenvolvimento da campanha. Para os cientistas, o eleitor comum só vai parar para pensar em quem votará na semana anterior ao pleito. "Quando se aproxima o dia o eleitor corre para suprir alguma lacuna, pesca comentários e senta para assistir ao horário político na TV." Há uma imagem caricata do eleitor brasileiro como se ele fosse uma tábula rasa, um sujeito alienado. "Não é bem assim e a prova disso está na estabilidade das últimas votações", afirma Marenco. Mesmo aquele sem acesso algum à informação tem filtros, preconceitos e valores que, de alguma forma, vão servir, mesmo que seja na última semana, para excluir esse ou aquele candidato. O tipo de círculo de referência no qual ele está inserido também pesa bastante. Outro fator importante para o eleitor é o critério de avaliação do Governo. Quanto a sua vida melhorou ou não, influencia sim, na sua decisão de voto.
Um comentário:
Pelotas teve 14 assaltos em menos de 10 horas
Bandidos estariam agindo em motos, principalmente no centro da cidade
Rafael Varela, Pelotas | rafael.varela@zerohora.com.br
Em menos de 10 horas foram registrados 14 assaltos à mão armada em Pelotas, no Sul do Estado. Os ataques aconteceram das 21h50min de ontem até as 7h30min de hoje.
De acordo com a Brigada Militar (BM), os bandidos são motoqueiros que levam bolsas e aparelhos celulares das vítimas. Algumas ações teriam acontecido em intervalos de dois minutos.
Nos primeiros 18 dias deste mês foram 209 ocorrências de roubos e assaltos, principalmente no centro de Pelotas. O número já maior do que o verificado em todo o abril de 2007, quando houve 187 registros.
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