domingo, 27 de abril de 2008

Reportagem de encomenda

Sem qualquer desassombro, o Diário Popular, jornal da famíla Fetter, publicou reportagem qe valoriza o cargo de vice-prefeito. Até aí, nada de mais. Ser vice é importante na medida em que é um cargo em expectativa de poder devidamente estabelecido na Constituição. No entanto, como todo pelotense sabe, o atual prefeito Fetter Júnior era vice. Assumiu por um acidente de percurso, por motivo de doença grave do titular, Bernardo de Souza, este sim, eleito diretamente pela população. E todos sabemos que a reportagem, de encomenda, tenta justificar alianças de todo tipo que deverão se formar em busca dos tão cobiçados eleitores. Muita água ainda vai rolar embaixo da ponte.

Cidade: Em busca do vice perfeito

Jarbas Tomaschewski
As últimas três administrações de Pelotas mudaram o perfil mais tradicional do cargo de vice-prefeito. Aquela figura considerada decorativa, cujo principal papel era substituir o chefe do Executivo em suas viagens, deixou o anonimato para virar notícia, seja por se tornar titular efetivo ou por entrar em choque com aqueles que dividiram o palanque durante a campanha. Na eleição de 2008 a “caça” ao vice ganha ainda mais força pela representatividade dos nomes em jogo e pelo tempo na TV que cada partido pode agregar às coligações.
O diretor do Instituto de Sociologia e Política (ISP/UFPel), professor Álvaro Augusto de Borba Barreto, lembra que neste momento do ano o cargo faz parte das negociações entre os partidos. As agremiações com bons nomes para disputar a majoritária tentam barganhar com aqueles que conduzirão a chapa. Aparecem, assim, principalmente os vereadores, alguns navegantes tanto na direita quanto na esquerda.
Com características eleitorais distintas, eles constituem uma espécie de prateleira de opções e são cortejados. Carregam os votos das colônias, das classes mais baixas, de categorias profissionais expressivas. Tornam-se referências importantes em terrenos onde os candidatos a prefeito não conseguem pisar.
Barreto destaca que desde 1988 quatro partidos de Pelotas nunca coligaram entre si - apesar de apoios no segundo turno. São eles PP, PT, PMDB e PDT. Mas o cenário político tem mudado e quem se revezava no cenário municipal na década de 90 (PMDB e PDT) hoje luta pela recuperação, o que justificaria acordos surpreendentes.
A diretora do Instituto Pesquisas de Opinião (IPO), socióloga Elis Radmann, destaca a importância do tempo na TV para os candidatos na captação de votos. Dessa forma, um vice-prefeito pode até ter menos expressão junto ao eleitorado se garantir bons minutos a mais no horário eleitoral. “É um raciocínio importante agora”, diz Elis, e que também explicaria a aproximação de candidatos tão diferentes.

Vereadores no divã
Para a diretora do IPO, o assédio dos partidos sobre os vereadores com potencial para assumir a missão da vice-prefeitura passa muito mais pelo receio dos legisladores de perder o mandato na Câmara do que pelo desejo de enfrentar um desafio maior.
A mesma idéia é compartilhada pelo diretor do ISP: “Vão trocar a reeleição por uma candidatura arriscada”, questiona Barreto, ao explicar o dilema dos legisladores assediados.
A estratégia partidária igualmente entra em cena. Entre o risco de perder um representante - ou até mesmo a única vaga da sigla no Legislativo - e a chance de aumentar a bancada através dos “campeões” de voto, a segunda alternativa pode parecer a mais segura aos que ainda não dispõem de um bom nome para a disputa.

Relembre
A vida (nada fácil) dos últimos vices de Pelotas
Otelmo Demari Alves - Vice-prefeito de Anselmo Rodrigues, gestão 1997-2000, Otelmo praticamente administrou a cidade durante todo o governo após o afastamento do titular por decisão judicial. O próprio Otelmo chegou a perder o cargo, mas recuperou logo a seguir.

Mário Filho - O empresário entrou em conflito com Fernando Marroni (PT) e, em protesto, instalou seu gabinete na praça Coronel Pedro Osório. Sua imagem, sentado em uma cadeira na calçada, em março de 2004, repercutiu nacionalmente e ele acabou disputando a prefeitura na eleição seguinte, tornando-se adversário de Marroni.

Fetter Júnior - Com a surpreendente renúncia de Bernardo de Souza (PPS) em fevereiro de 2006 por motivo de doença, Fetter Júnior passou a ser o novo prefeito de Pelotas, cargo que ocupa até hoje. Ele irá disputar a reeleição, desta vez como primeiro da chapa.

Um comentário:

Anônimo disse...

Meu Deus!!!!
Só mesmo serviçais gabaritados para escrever isto:
"Com a SURPREENDENTE" renúncia de Bernardo de Souza..."
É de dar gargalhadas.