terça-feira, 1 de julho de 2008

Carta de repúdio à Ufpel

Divulgo abaixo carta do jornalista e cineasta Denis Porto Renó de repúdio à Ufpel:


Nova carta aberta de repúdio à Universidade Federal de Pelotas


No dia 05 de junho de 2008 enviei uma carta aberta de repúdio à UFPEL para as listas de usuários das quais participo. Na ocasião, o manifesto teve um único motivo: moralizar este e futuros concursos públicos do Brasil. Afinal, esta ferramenta de escolha profissional foi criada exatamente para acabar com as indicações que tinham como critérios fatores pessoais, passando a privilegiar a competência profissional. Nunca, em momento algum, a atitude teve como iniciativa o beneficio próprio, até mesmo por ter a vaga desconfiança de que seria no mínimo desagradável conviver com profissionais do nível ético e profissional apresentado pela UFPEL no concurso público para escolha de professor assistente do curso de Cinema e Animação do Instituto de Artes e Design da instituição, que vergonhosamente colocou nos dois primeiros lugares os dois professores substitutos da instituição, que por sinal apresentaram os piores currículos documentados e uma medíocre prova teórica. Ressalto, ainda, que a prova prática foi realizada em sala fechada, o que me impede de avaliar tal conduta.

Bom, no dia 13 de junho, após enviar denúncia ao Ministério Público Federal de Pelotas re ao MEC, diretamente ao departamento chamado SESU, fiz contato por telefone com o vice-reitor da UFPEL, prof. Telmo Xavier, que na ocasião disse, mesmo após eu informar que havia enviado a denúncia ao Ministério Público e ao MEC, que era para eu enviar a denúncia a ele que seriam tomadas as devidas providências pelo COCEPE, departamento também presidido por este. Denúncia enviada, de forma detalhada, e o mesmo ficou de responder no dia 17 do mesmo mês, quando entrei em contato para saber das novidades. Nada. O vice-reitor, que me ligou no dia 13, minutos antes de eu enviar a denúncia escrita para o e-mail do mesmo (vicereitor@...), havia saído em viagem, segundo sua secretária (sra Jandira, que não disse seu sobrenome), para um lugar onde não havia Internet. Minha primeira pergunta: existe neste planeta algum lugar onde um vice-reitor viaja a trabalho (sim, pois era uma terça-feira) que não tenha Internet? Assim mesmo, a d. Jandira, a pedido do vice-reitor (que deve ter orientado a mesma por telefone, num lugar onde não havia Internet), solicitou que eu enviasse a denúncia a ela e que naquele dia seria aberto um processo de pedido de explicações para o departamento responsável pelo concurso, o Instituto de Artes e Design da UFPEL.

Passaram-se 17 dias desde o dia do envio da denúncia ao vice-reitor e resolvi ligar para saber qual o resultado, prometido pela mesma para hoje no período da tarde. Liguei, e tive uma surpresa: “senhor Denis, nós acabamos de receber a resposta do departamento, mas não podemos responder, pois você entrou com uma denúncia ao Ministério Público Federal e diremos somente a eles agora”. Eu disse: “tudo bem, eu ligo para eles. Mas por que vocês me enrolaram estes 10 dias, sendo que desde o primeiro envio sabiam que eu havia entrado com denúncia ao Ministério Público?”. Ela respondeu que não sabia, sendo que na denúncia enviada ao vice-reitor eu declaro no último parágrafo que tudo fora denunciado no Ministério Público. Então eu lamentei a atitude e disse que assim mesmo entraria em contato com o promotor, como ela orientou, e disse que divulgaria o ocorrido, como o faço agora.

Mas as irregularidades não pararam por aí, para esse grupo que ocupa a Universidade Federal de Pelotas, uma instituição federal que é financiada pela sociedade brasileira. Após ouvir que o ocorrido ganharia os espaços da ágora virtual (coisa que eles devem desconhecer) a mesma declarou, com uma redução de tom: “olha, é melhor o senhor tomar cuidado com esse tipo de denúncia, pois trata-se de uma poderosa universidade federal”. Eu me surpreendi com tal ameaça, e me alegrei. Sou jornalista, e adoro saber que como jornalista estou incomodando os errados, os incorretos. Disse a ela que não me preocupo com o fato dela me ameaçar, pois sou cidadão brasileiro, e na condição de tal tenho que lutar para um Brasil melhor, sem esse banditismo, que é freqüentemente divulgado no blog www.irineumasiero.blogspot.com, onde diversas outras denúncias que envolvem a Universidade Federal de Pelotas e a Fundação Simon Bolívar, que segundo o blog e declarações gravadas de um pelotense está envolvidas em situações mais graves do que o caso UnB. Mais uma brincadeira como dinheiro público?

Bom, entrei em contato com o Ministério Público Federal de Pelotas e descobri dois novos fatos: o primeiro é que terei a resposta do promotor na quarta-feira próxima, 03 de julho, sobre a denúncia. O segundo fato é que existem diversas outras denúncias contra a instituição envolvendo concursos públicos. Ora, parece um princípio legitimado por lá, ao menos aos olhos da reitoria e de seus amigos, como se tudo fosse uma administração de empresa particular. Assustador.

Bom, apesar de estar cada vez mais pasmo com os representantes da Universidade Federal de Pelotas, ainda tenho confiança em um final feliz. Assim como a primeira carta moralizou, do meu conhecimento, três concursos públicos realizados em seguida, espero que esta ajude a moralizar outros tantos, pois agora imagino que estejamos todos atentos. Também confio no Ministério Público Federal, que não deverá ter outra alternativa a não ser deferir a denúncia, pois as provas com relação a este concurso estão mais do que claras, e ainda existem e-mails de pessoas que passaram pelo mesmo problema na Universidade Federal de Pelotas, e de pessoas que sabiam da “carta marcada”, com a fonte totalmente preservada pela ética jornalística. Lamentamos, apenas, que uma instituição presidida por pessoas aparentemente eruditas tenha tamanha inconsciência sobre seu papel de cidadão e de suas responsabilidades perante uma nação. Mas eu continuarei lutando, ao lado de parceiros ativos, como a Ana Paula Penkala, o Marcelo Gobatto, o Eduardo Rocha, o Marco de Araújo e tantos outros que se manifestaram em favor de uma sociedade ética e menos vergonhosa. E sem medo das ameaças manifestadas pela vice-reitoria da UFPEL, continuo com meu manifesto de repúdio.

Denis Porto Renó
Jornalista, documentarista
Membro da SOCINE
Nucleado em Audiovisual da Intercom
Membro-fundador da Red INAV

20 comentários:

Anônimo disse...

Mas que descalabro! Porque julgaram que ele não entrou na justiça? Pensam que todos são levianos como eles? Falam e não cumprem? eu ouvi comentários de gente muito mal informada, dizendo: será que ele entrou? na justiça? claro, cabeça feita pelos comparsas do golpe: todos sabemos que até agora, não pode haver homologação do concurso. Se, infelizmente. houver, ao menos se conseguiu alerta para os absurdos que estão sendo feitos.
Em algumas unidades da UFPEL, ultimamente, exigir justiça é ser chamado de "louco", os certos são os desqualificados, que entram por apadrinhamento.
Quanta distorção!
Como pode alguém com apenas mestrado, avaliar doutorandos? Não existia, até agora, isso na área da academia.

Anônimo disse...

Podemos até perder essa luta (na verdade, quem perdem são os alunos e a sociedade, que financia a festa), mas conseguimos com isso tudo alertar pessoas deste e de outros concursos, desta e de outras universidades, que tal atitude não pode ocorrer. Esperemos, ainda, que o Ministério Público acate a denúncia, nossa última esperança de honestidade neste caso. Ao menos tenho a certeza de que a homologação do "resultado" ainda não foi feita. Esperemos que o bom senso prevaleça a partir dos que deve fazê-la.

Anônimo disse...

E então ? Foi feita a justiça, ou não?

Anônimo disse...

http://moviolafilmes.blogspot.com/2008/06/no-de-se-jogar-fora.html

Anônimo disse...

Ao que consta, o ministério público não deu sua posição ainda. Ficou para segunda-feira.

Anônimo disse...

Cara de pau é o produto mais barato no mercado, hoje em dia. Integridade é que anda raro!

Anônimo disse...

Irineu, acho que esta resolvido o problema do nosso amigo Denis:
No- 744-NOMEAR, em caráter efetivo, no cargo de Jornalista/NS,
Nível/Padrão E-101, no regime de 40 horas semanais e lotação no
Gabinete do Reitor, na Coordenadoria de Comunicação Social, GUILHERME
CARVALHO DA ROSA, habilitado em Concurso Público,
na vaga decorrente da aposentadoria de José Antonio Moraes Nunes,
publicada no DOU de 27/06/1995, código de vaga: 0329731.
TELMO PAGANA XAVIER
A vaga que ele concorria não era para professor?

Anônimo disse...

se não tem certeza de um...vai noutro: o que deu de encrenca nesses últimos concurso para funcionários na UFPEL, como vimos aqui, não foi pouca coisa...

Anônimo disse...

Provavelmente porque o ministerio publico não permitiu homologação na vaga de professor.

Anônimo disse...

Deve ter concorrido aí também: foram vários "concursos" ao mesmo tempo.

Anônimo disse...

Ao anônimo que tem dúvidas se um Mestre pode avaliar um doutorando: doutorando não é doutor. Ainda, ao menos. O concurso era para mestre, portanto, por lei, outro mestre pode avaliar sim. E foi tão bem avaliado que, justamente, o Prof. Guilherme ficou em primeiro lugar. Sou aluno deste cursoe sei da qualidade deste professor.O fato de o Prof. denis não ter passado não significa que todos os outros não tenham condições. O Prof. Guilherme fez dois concursos. Um para professor e outro para jornalista. Duas bancas diferentes fizeram os concursos. Passou empromeiro lugar com duas bancas diferentes. E mais alguém tem dúvidas da competência do referido professor. Ao prof. Guilherme: quem o conhece sabe do imenso prazer em aprender e trabalhar com o sr. Não nos afetemos pelo choro do perdedor. É legítimo, mas não justifica as mentiras que estão dizendo.

Anônimo disse...

Me parece que o problema nunca foi o guilherme, colega. Nem o Dênis, mas A BANCA! O Professor Dênis era apenas um entre outros nomes com mais titulação e documentários feitos. Havia doutor concorrendo, sim. Todos perderam para os recém mestres e professores? Estranho, não? Com mais títulos, mais experiência e mais produção prática?!
Conta outra!

Anônimo disse...

Sim, doutorandos eram no mínimo três. E Dr., ao menos um. Os recém mestres, então, devem ser sumidades.
Nada tenho contra o Guilherme, meu professor que saiu do mestrado agora, porém acho estranho que outras pessoas com mais titulação e currículo tenham perdido para ele e para a Cíntia, que começaram junto com o curso (pouco mais de 1 ano) a dar aula. Acho que os outros concorrentes devem ter se esforçado muito para chegarem ao currículo que tem, levado muitos anos. Não deve ser fácil ser tratado assim por uma instituição. Espero que tenham mais cuidado da próxima vez e que apurem os estranhos fatos desse concurso. gostaria de saber que estou num curso honesto.

Anônimo disse...

E o que resultou? Fez-se a justiça ou ficou tudo na mesma?

Anônimo disse...

Que feio, Cíntia Langie!
Usar os alunos do curso de Cinema pra promover essa tal de Moviola,"co-produção" é até engraçado!
Agora os alunos fazem todo o trabalho e a Moviola® é que leva o crédito? Hm! Muito bem!
"Não é de se jogar fora" foi feito EXCLUSIVAMENTE pelos ALUNOS.
É importante dizer que NINGUÉM da Moviola estava envolvido, exceto CINTIA LANGIE, enquanto PROFESSORA, NÃO COMO PRODUTORA.
E ainda divulga aqui o blog da produtora porque sabe que este blog está bem famoso, né?
http://moviolafilmes.blogspot.com/2008/06/no-de-se-jogar-fora.html

Anônimo disse...

Isso tá parecendo cinemão americano. Tipo Top Gun - Ases Indomáveis. BLERG!
Bota um filme bom aí, tia. Esse negócio de ver quem voa mais alto com as asas do país não dá para agüentar! Ainda posam de bons moços. Pobre do contribuinte.

Anônimo disse...

Olá, Irineu. Nosso grupo (somos pós-graduados e pós-graduandos) não consegue obter informação sobre como anda ou qual foi o resultado da ação no ministério público, podes nos informar?
Estamos acompanhando concursos para docentes (efetivos e públicos) em todo o Brasil, para apurar possíveis irregularidades. Esse caso nos chamou atenção por envolver nomes (e não me refiro ao Renó) atuantes na pesquisa e na prática de fazer documentários, haja vista que captação de imagens era o objetivo. Ficou na "captação de amiguinhos'?
Aguardamos esclarecimentos.
Abraço.

Anônimo disse...

Me falar e vim conferir: então foi assim esse concurso? Chocante!

Anônimo disse...

Não! Não! A coisa foi mais além, o rapaz assumui dois cargos: um de dedicação exclusiva e outro de 40 horas:
No- 789-NOMEAR, em caráter efetivo, no cargo de Professor da
Carreira do Magistério Superior, Classe Assistente, Nível 1, no regime
de Dedicação Exclusiva e lotação no Instituto de Artes e Design,
GUILHERME CARVALHO DA ROSA, habilitado em Concurso
Público, na vaga redistribuída da UFPB, através da Portaria/
MEC nº 750, de 17 de junho de 2008, publicada no DOU de
18/06/2008, código de vaga: 0255870.

Anônimo disse...

Onde consta isso? Não vi nenhuma homologação: acho que a informação do comentário acima não procede.