Terra de doces
Comentário de leitor muito atento:
Nesta terra dos doces a coisa continua amarga. Amarga e contraditória. Tinha pensado em escrever um pouco sobre os candidatos a vereadores. Mais especificamente sobre o que se tem visto no horário gratuito obrigatório na TV. Acontece que os programas dos candidatos à cadeira maior, a da Praça Coronel Pedro Osório, estão desviando minha concentração. A maior fonte de inspiração, no momento, são as inserções na TV e o horário gratuito destinado aos prefeituráveis.Antes de entrar no tema, atualizo texto anterior: 1. a Avenida São Francisco de Paula (padroeiro da terra, diga-se), por onde transitei hoje, está pior do que a Ferreira Viana. Pode parecer impossível, mas é verdade; 2. declaradamente a candidatura do PMN assumiu seu lado PP. Está de mãos dadas com o PV. Quem será o próximo a entrar na roda?Novamente voltou a aparecer aquela fita onde aparecem o Presidente e o candidato do PT. Desta vez foi apresentada pela candidata do partido da ecologia. Para começar cabe uma reflexão sobre a divulgação desta fita. Todos sabem que foi desviada, comprada (e não deve ter sido barato!) e divulgada na eleição 2000. Foi divulgada, por uma daquelas coisas inexplicáveis, poucos dias antes da eleição. Em seguida surgiram notícias de divulgação no resto do país. Que Pelotas tem uma determinada fama, gerada por suas características culturais do passado, todos sabem. Daí não há novidade na brincadeira em si. A tentativa de tentar jogar sujeira no ventilador da eleição é uma coisa. Divulgar, com alarde, a fama da terra do doce é outra. E quem mais se revoltou (e revolta – da boca para fora?) é a classe “conservadora, tradicional e culta” de Pelotas. Ao que parece foi esta classe que divulgou a fita. E continua divulgando. Deve estar fora, por ideologia, o pessoal do partido da ecologia. Por estes, mais recentes na terra do doce, a divulgação da fita, por certo deve ser chamariz para iniciar uma campanha para defesa dos mamíferos artiodáctilos da família Cervidae. Que a candidata dos verdes me perdoe se errei a classe, a ordem e/ou a família. Quanta inocência!Pelotas, desde sua tenra idade, sempre deve ter convivido com esta “espécie”, só que bípede. Do que me lembro e tenha visto ou escutado, Pelotas sempre conviveu muito bem com estas pessoas. Muitas delas exerceram funções diversas, a maioria conhecida, respeitada e até reverenciada dentro de seus afazeres. E saibam que muitos nem eram pelotenses de berço, mas sim por opção. Pessoas que aqui encontraram acolhida. Não por sua tendência, mas sim pelo bem receber e pela educação do povo da terra. A fama de alguns atravessou a ponte do Arroio Pelotas e do São Gonçalo perdendo-se pelas terras ao norte e lá para as bandas do Plata. Foram, pois, pessoas que merecem todo o respeito. Não deviam ser base para chacota, principalmente com fundo eleitoreiro e com divulgação (provavelmente forçada) por todo o Brasil.O contraditório é que quando a brincadeira tem origem nos programas humorísticos (em particular o Cassetas – outros malas!), a indignação toma conta dos ícones da terra. Quando pode servir para conseguir alguns votos, vale a divulgação do ridículo.Uma das inserções de campanha, aquela do cara que prefiro ver como bom artista, fala que não adianta ser amigo do Presidente para buscar dinheiro. Mas amigo do Ministro do Presidente pode? Numa das inserções passadas apareceu um Ministro de Estado que alardeava o Perfeito e praticamente garantindo o apoio do seu mistério, inclusive citando nome do Presidente. Contraditório? Não, contraditório e oportunista.O Presidente, nesta recente estada na zona sul, deixou bem claro que é o Presidente de todos, mas que tinha um lado. Isto gerou uma pesquisa e divulgação de edição passada de um matutino da capital do Estado. A inteligência está desligada ou é má-interpretação intencional? Posso tentar explicar, mas acho que a inteligência deve continuar voluntariamente desligada ou o que escrever será mal-interpretado. Presidente de todos significa atender a todos igualmente, desde que tenham sido apresentados bons projetos, adequadas aplicações de recurso, reais prestações de contas, etc. Ter um lado significa uma opção pessoal, sem vinculação com este ou aquele favor ou obrigação. Quem não está acostumado a falar claro, tende a interpretar errado.Quando aparece o ex-Presidente, o ex-Governador, o Governador, a Governadora ou a ex-Senadora, apresentando as virtudes e pedindo votos para este ou aquele, não há gritaria. A coisa só é desencadeada quando surge na telinha o Presidente e sua Ministra.Quando o Lula pernoitou numa pousada pelotense houve chiliques. A comitiva foi se hospedar logo num local onde houve tanto sofrimento, tanto trabalho forçado! Tudo bem. Lá na charqueada, como em muitas outras terras deste Brasil, houve trabalho escravo. Será então crime visitar as fazendas de café de São Paulo? As plantações de cana e as usinas de Pernambuco? As plantações de café da Bahia? Quando, em campanha por votos, um ex-Presidente lembrou que morou em Pelotas para estudar aspectos regionais, onde estavam inseridos os escravos, Pelotas entrou em orgulhoso delírio. Contraditório? Não, ridículo! Não esqueçam que Pelotas foi pioneira a libertação dos escravos. Que me ajudem os historiadores da terra.É impressionante, mas a memória anda curta. Ou devidamente adaptada?Um abraço especial para a família da Thaís.
7 comentários:
Masiero, não podemos prescindir dos comentários desse Leitor Atento.
É valiosa a participação dele.
Além do conteúdo abrangendo os diversos problemas da Princesa, não comentados na mídia pelotense,
(grandes espaços são ocupados para abobrinhas), tudo é mostrado de forma inteligente e com o traço de mestre na explanação.
Parece ser uma pessoa de elevada cultura.
Bom para o Blog, bom para mim que procuro informações sobre a cidade, através da Internet, para confrontá-las com as emitidas por "Vozes de Donos" e formar a minha opinião.
Masiero considera, por favor, a possibilidade de um "Intime-se" em carater permanente.
A família também agradece a bem vinda colaboração do Leitor Atento ao Blog.
Queremos mais !
Abrs., Thaís.
pede ao leitor muito atento comentar a ação de improbidade de um certo candidato, apoiado pelo presidente e sua ministra, esses que pernoitaram na charqueada. Ou será que isso ele não comenta, ou é intriga da oposição divulgada alguns dias antes da eleição?
Na cidade dos doces a coisa tá meio estranha e repetida.
Já acharam que tenho “boa cultura”, porém ela não é maior que a da média. Já fui confundido com advogado uma vez, inclusive por autoridades, mas o que sei de leis é que estão aí para interpretação, respeito e, algumas vezes, discussão.
Referente a improbidade, o Aurélio me ensina, literalmente:
[Do lat. improbitate.]
Substantivo feminino.
1.Falta de probidade; mau caráter; desonestidade.
2.Maldade, perversidade.
Assim posso supor de que se trata de um ato maldoso, perverso, desonesto, talvez quase criminoso. Acredito que o Anônimo de 27.setembro – 12:55, talvez quisesse referir a improbidade administrativa. Esta, creio eu, seria um ato do mesmo quilate praticado por quem tem o poder de gerir recursos particulares ou públicos.
Creio que comentei o fato.
Além disso, não tenho condições culturais, técnicas, legais para ir adiante. Não posso, como muitos fazem nos horários eleitorais gratuitos, julgar atos de outros.
O que acho estranho e repetitivo foi o fato da notícia ter sido publicada (foi o que me contaram) numa fonte que parece ter “certa” tendência a lateralidade. E por ter sido divulgada justamente no período pré-votação.
Se buscarmos um pouco na memória, lembraremos de um caçador de potentados indianos que descobriu uma filha “fora do casamento” de seu oponente. Fato divulgado praticamente na boca da urna.
Depois foi durante o período entre o primeiro e o segundo turno de uma eleição estadual. Divulgaram que o candidato preferencial estava muito enfermo, numa tentativa de dizer que não valia votar no dito. O cara foi eleito e está forte até hoje.
Depois, já mais perto cronológica e geograficamente, foi a tal fita do Presidente, a que divulgou a fama da terra dos doces (como se os Cassetas e outros não soubessem...), agora livre da poeira e relançada. Estranhamente, antes e agora, foi aproveitada durante o período pré-votação.
Coincidentemente, foram divulgadas na mídia nacional (também com “certa” lateralidade) algumas declarações (ditas, desditas e, por fim, não discutidas), sobre apoiadores de uma determinada candidatura da capital.
Agora, um blog (não vi, porque prefiro gastar meu tempo ser ter que carregar “malas sem alças”) divulga uma charge do YouTube. Ao que parece a charge foi elaborada com bastante humor durante a campanha presidencial, aquela na qual o picolé derreteu antes de chegar às urnas.
Desta forma, caro Anônimo, tentei fazer uma correlação de fatos, para que você não possa dizer que fui superficial e capaz de lançar a culpa no grande mestre Aurélio.
O que pode parecer mais estranho é que, com tantos advogados concorrendo, com tantos advogados apoiando, não tenham aproveitado a deixa. Antes. Agora é só esperar para ver que tem a razão, saindo o que sair das urnas.
Espero, pelo menos ter mostrado uma constância de fatos estranhos.
Rancor, ódio, inveja.
Telhado de vidro.
Thaís.
Talvez não tenha feito nenhum comentário sobre o assunto porque não existe decisão sobre isso. Os comentários que o leitor (fantástico) fez foi sobre fatos concretos. Infelizmente a reta final de campanha sempre se utiliza de artifícios para desmerecer algum candidato. Acho que desta vez passaram todos os limites.Quanto ao comentário da Thais sobre a percepção do anônimo, compactuo em todos os aspectos. Tenho lido muitas coisas tbém escritas pela Thais neste e percebo que tbém consegue escrever com muita clareza. Que todos sejam benvindos!
O meu comentário acima é dirigido ao Anônimo 27.09 - 12:55h.
Mais uma vez o Leitor "Na cidade dos doces..." vem nesse espaço dar "um banho" no seu comentário.
Merece ser convidado para coordenar algumas mornas campanhas.
Competência e argumento não lhe faltam.
Quando volta?
Thaís.
Masiero, parabéns ao "Leitor Atento", pela lucidez, contundência e clareza naquilo que colocou.
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