quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Segurança pública

Nada a dizer sobre a segurança pública no Rio Grande do Sul. Por quê? Porque ela simplesmente não existe. Veja mais um capítulo deprimente dessa história em reportagem do repórter Álvaro Guimarães publicada no Diário Popular.

Polícia: Policiais de braços cruzados

Álvaro Guimarães
A paralisação dos servidores civis da Segurança Pública, deflagrada ontem, teve 100% de adesão nas oito delegacias da Polícia Civil em Pelotas. Durante todo o dia, elas permaneceram de portas abertas, mas nenhuma investigação ou trabalho burocrático foi realizado. Na de Pronto Atendimento (DPPA) onde, a cada 24 horas, é registrada uma média de cem ocorrências, apenas uma - relativa a uma detenção em flagrante feita pela Brigada Militar (BM) - foi atendida na terça-feira (veja matéria nessa página). A paralisação continua hoje.
O vice-presidente da regional Pelotas da Ugeirm/Sindicato, escrivão Fernando Silveira Porto, avaliou como positiva a adesão dos policiais da cidade à mobilização que exige o cumprimento do acordo de matriz salarial feito com o Governo do Estado em 2004; a garantia de aposentadoria especial e melhores condições de trabalho. “Em qualquer outra repartição do Estado se vê uma situação diferente da Polícia Civil, onde policiais não têm nem sequer cadeiras decentes ou escrivaninhas para trabalhar. Isso tudo afeta a moral do servidor e, conseqüentemente, o atendimento ao público”, argumenta.
Os dirigentes locais da Ugeirm/Sindicato apontam a escassez de pessoal e a estrutura precária (faltam desde móveis até equipamentos de informática e viaturas para o serviço) como os principais problemas da instituição na cidade. Em algumas delegacias como a de Capão do Leão, por exemplo, existem apenas três policiais civis e, em Pedro Osório, somente dois.
Outra queixa corrente da categoria é a ausência de promoções e avanços. Dados do Sindicato revelam existirem nas delegacias locais, agentes com 29 anos de profissão, que subiram apenas dois dos cinco postos previstos na carreira. “Isso desmotiva qualquer um”, avaliou Porto.

MANIFESTAÇÃO TRANQÜILA
Por ser a delegacia que centraliza a maior parte dos atendimentos ao público, a DPPA foi escolhida como o quartel-general da mobilização dos policiais civis. Há cartazes de protesto afixados na porta e nas suas paredes, enquanto agentes de várias delegacias se revezam entre um piquete na porta da repartição e uma vigília, com clima de assembléia permanente, na sala dos plantonistas.
A ordem da chefia de polícia de realizar, ontem, uma operação de fiscalização em ferros-velhos não gerou conflitos entre delegados e policiais, por causa da compreensão dos delegados em relação ao manifesto dos servidores. “A operação não foi realizada e nenhum atrito ocorreu”, revelou Porto.
O MOVIMENTO
Os funcionários da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe), lotados em Pelotas, não aderiram à paralisação proposta pela Ugeirm/Sindicato. Já os técnicos do Instituto Geral de Perícias (IGP) paralisaram e só atenderam os casos de urgência.
Nas demais cidades da região, o engajamento foi de quase 100% na Polícia Civil. Das 14 delegacias da região de Pelotas, apenas duas - São Lourenço do Sul e Santana da Boa Vista - registraram ocorrências normais ontem. Em todas as outras apenas casos de emergência foram atendidos.

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