O caminho das pedras
Prezados procuradores, promotores e outros agentes da Justiça de Pelotas e federais. Vou dar um passo-a-passo aqui, em virtude de falhas no blogger (eu adoraria mostrar as imagens, mas o sistema está com problemas).
Prontos?
Então, vamos lá:
1) Acesse o portal transparência (http://www.portaltransparencia.gov.br/);
2) Clique em Aplicações Diretas;
3) Selecione Favorecidos (empresas privadas e pessoas físicas) e selecione o ano (2007);
4) Em Pesquisar (no fim da página), escreva Bolívar. Não desista, - clique em Próxima até aparecer o nome da Fundação Simon Bolívar - é a terceira página.
5) Surpreenda-se: a Fundação Simon Bolívar recebeu nada menos que R$ 24.433.737,42 durante o ano de 2007.
O mesmo procediemnto poderá ser feito dpara o ano de 2006. Lá será encontrado o valor de R$ 25 646.112,03. Em 2005, a referida Fundação recebeu R$ 1.009.269,22 e, em 2004, não recebeu nada. Não é intrigante? Em três anos, uma Fundação que não recebia nada recebe R$ 51 milhões?
É muito dinheiro, não? Lá, no Portal da Transparência, está tudo detalhado, isto é, dentro das ambiguidades possíveis (tais como Complementação para o Funcionamento das Instituições Federais de Ensino Superior. Uma boa investigação tirará tudo isso a limpo. Para onde foi o dinheiro, com o quê foi gasto, como estão as eventuais obras e/ou cursos, enfim, tem assunto aí que não acaba mais. Tenho cá comigo que a investigação será muito útil e vai esclarecer muita coisa, como, por exemplo, o pagamento de diárias para a presidente da Fundação, Lisarb Crespo da Costa, em 2006, no valor de R$ 5.803,32.
A partir de agora, é por conta do Ministério Público. Resta saber se existe vontade de se levar adiante uma investigação desse porte. Trabalho tem. Basta apenas querer meter a mão na massa.
Abaixo, uma reportagem da Folha de S.Paulo. Como nas novelas, qualquer semelhança é mera coincidência.
23/02/2008 - 09h12
Ex-diretor afirma que tinha "medo" de assinar cheque em fundação da UnB
JOHANNA NUBLAT
da Folha de S.Paulo
Ex-diretor financeiro da Finatec (fundação ligada à Universidade de Brasília), o professor Francisco Ricardo da Cunha, 46, disse que tinha "medo" de assinar cheques do órgão, se recusou a autorizar a comprar a mobília do reitor Timothy Mulholland com dinheiro de um fundo de pesquisa e afirmou que não concordava com coisas "supostamente ilícitas".
Cunha também usou dinheiro da Finatec, quando era diretor, para comprar roupas --um blazer, camisas e sapato-- no total de R$ 735, segundo divulgou o "Correio Braziliense". Cunha diz que gastou a maior parte com equipamento para o laboratório da universidade -- computadores e cadeiras.
Ele alega que tinha direito a uma verba representativa de R$ 30 mil anuais, que, diz ele, poderia ser usada com gasolina, restaurante e outros itens pessoais. A assessoria da Finatec nega a existência dessa verba que Cunha usou para comprar roupas e diz que o dinheiro deveria ter sido usado em projetos de pesquisa dos professores que ocupavam a diretoria.
O Ministério Público do Distrito Federal pediu a destituição da diretoria da Finatec por uso indevido de verba de pesquisa na compra de móveis adquiridos para o apartamento funcional do reitor. O professor está no processo como testemunha, pois não era mais diretor quando da entrada da ação.
Os outros dois diretores da fundação na mesma época continuam sendo investigados.
Na mobília para o apartamento foram gastos R$ 470 mil de um fundo de apoio que só pode ser usado com a UnB e, segundo a Promotoria, deveria ter sido empregado em pesquisa e ensino. Com o mesmo fundo foi comprado um carro de R$ 72 mil para uso do reitor.
A decisão de como empregar o dinheiro do fundo é da administração da universidade, que então comunica a Finatec.
"Era importante o diretor financeiro assinar cheque, mas tinha uns que eu não assinava. Eu tinha medo. Quando veio o pedido para a compra da mobília do reitor, eu levei para o conselho superior da Finatec, porque eu não ia assinar uma nota daquelas. Como você vai usar um fundo de pesquisa para mobiliar um apartamento?", afirmou o professor Cunha.
"Quando a gente compra, a gente faz uma cotação, eu não tinha jeito de cotar, você tinha um sofá de R$ 20 mil e era aquele que eu teria que comprar. Nas cotações, tinha sofá de R$ 5 mil, de R$ 4 mil. Eles pediam sempre materiais muito caros", disse à Folha.
Cunha ficou no cargo de diretor até junho passado, quando renunciou e enviou carta à Promotoria denunciando a existência de um "poder paralelo" dentro da fundação.
Ele diz que se sente usado, assim como diretores que o precederam. "Eu me sinto hoje um estúpido. Eu ficava com receio porque tinha coisas que eu não concordava que poderiam ser supostamente ilícitas."
A UnB diz que não há irregularidade no uso do fundo e que os móveis e o carro foram adquiridos sob a rubrica de "desenvolvimento institucional".
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