segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Tem governadora que é cega II

Tem governadora que é cega. A prova disso está na reportagem publicada pelo Diário Popular (e republicada abaixo), do repórter Álvaro Guimarães. Pelotas como referência em segurança pública? Acorde governadora, acorde. Em que mundo a sra. pensa que está? A propósito, clique aqui para ler a reportagem que anuncia Pelotas como referência em excelência na implementação do Plano de Prevenção à Violência. Governadora: vá a Pelotas, ande pelas ruas e veja por si mesma o que acontece por lá. Depois me conte. Aliás, governadora, cadê os policiais que foram prometidos à cidade? E mais: todas aquelas promessas de campanha eram de mentirinha ou para valer? Não vale dizer que a culpa é dos deputados, que não aprovaram medidas que aumentariam os impostos. Quando a sra. aceitou concorrer ao cargo, sabia o que ia encontrar, não é mesmo? Ou foi pega de surpresa?

Polícia: 2007: o ano mais violento do século em Pelotas
Álvaro Guimarães
Nunca se matou tanto em Pelotas. Entre janeiro e novembro deste ano 30 pessoas já foram assassinadas na maior cidade da Zona Sul do Estado. O total de homicídios registrados em 2007 já é 76% maior do que no mesmo período do ano passado. Os sete homicídios registrados em novembro garantem ao mês o sombrio título de “o mais sangrento” do século. Somente na última semana do mês quatro pessoas foram mortas.Desde o início do século 21, há sete anos, 168 pessoas já foram assassinadas. Mas nunca um ano concentrou um número tão grande de crimes como 2007. Até então o recordista da violência havia sido 2005, quando 26 pessoas foram mortas em 12 meses. A comparação dos números de 2007 com os sete primeiros anos da década mostra uma escalada assustadora da violência urbana na qual a vida passou a valer muito pouco. Em 2000, por exemplo, foram registrados 15 homicídios de janeiro a dezembro, conforme os dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP). Isso significa que de lá para cá o número de assassinatos dobrou na cidade.Com relação ao ano passado a situação não é nada melhor. Se o total de homicídios aumentou 76% em 11 meses, a comparação entre os meses de novembro revela uma realidade assustadora. Em novembro de 2006, apenas um homicídio foi registrado na cidade. Enquanto em novembro deste ano foram sete, o que representa seis vezes mais.Novembro sangrentoAté então a maior quantidade de assassinatos em um único mês havia sido registrada em janeiro de 2005, quando cinco pessoas foram mortas. Nos últimos 30 dias, todavia, este total já é 40% maior (veja os quadros). O primeiro assassinato do 11º mês do ano foi registrado na madrugada do Dia de Finados, quando Daniel Silveira Rodrigues, o Passarinho, de 26 anos, foi morto com um tiro nas costas na rua 8 do loteamento Dunas, na zona norte da cidade. O último crime aconteceu na tarde do dia 29, quando o comerciante Eroni Oliveira Leal, de 52 anos, foi baleado durante o assalto ao seu estabelecimento e morreu no hospital.Curiosamente, as duas mortes estão intimamente ligadas a crimes contra o patrimônio. Rodrigues foi morto depois de ser flagrado tentando arrombar um estabelecimento comercial e Leal morreu quando assaltantes atacaram seu mercado. Ou seja, por trás dos dois homicídios, estava uma busca desenfreada por dinheiro ou qualquer coisa que possa ser transformada em cifras.Lei frouxaPara o promotor da 1ª Vara Criminal de Pelotas, Paulo Vieira, é impossível apontar apenas uma causa para justificar a explosão dos casos de homicídio na cidade. O promotor, todavia, arrisca elencar ao menos três fatores que considera de grande influência: a lentidão da Justiça, a banalização da violência e uma legislação muito branda. “A lei é frouxa e isto gera um sentimento de impunidade ao mesmo tempo que torna a violência banal”, reclama Vieira.Para justificar sua opinião, o representante do Ministério Público (MP) se apóia em um exemplo simples e didático: o autor de um homicídio simples não é condenado a mais de oito anos de cadeia e ao cumprir um sexto da pena - ou seja um ano e três meses - tem condições de sair em liberdade. “Isto é um absurdo! Tirar a vida de uma pessoa não custa mais do que dois anos de liberdade de alguém. Não se pode admitir que um homicida fique tão pouco tempo preso”, diz. A partir desse raciocínio, o promotor defende uma ampla mobilização nacional para pressionar o Congresso a realizar as alterações necessárias tanto no Código Penal, como no Código de Processo Penal.A demora no julgamento dos casos de homicídio é apontada por Vieira como um dos principais motivos geradores de um sentimento de impunidade e que, indiretamente, incentiva o aumento da violência. “Esta semana iremos julgar no Tribunal do Júri um crime cometido em 2002”, exemplifica.As vítimas do novembro sangrentoDia 2 - Daniel Silveira Rodrigues, o Passarinho, 26 anos. Foi morto com um tiro nas costas na rua 8 do loteamento Dunas. Seu corpo foi encontrado pela Brigada Militar no início da manhã. Dia 19 - Cézar Augusto Liscano da Fontoura, o Boy, de 25 anos, foi morto a facadas durante uma briga ocorrida na madrugada na avenida Duque de Caxias, no Fragata. Dia 19 - João Paulo Ávila Moraes, de 29 anos, foi morto com quatro tiros na esquina das ruas 9 e 5 do loteamento Arco-Íris.Dia 25 - Luís Carlos Nogueira Coelho, de 18 anos, foi morto a pedradas durante uma briga no início da manhã, no bairro Fragata. Dia 26 - Lívio Louzada Luz Filho, de 65 anos, foi morto com duas facadas dentro de sua casa na rua Lobo da Costa, no Centro.Dia 27 - Idegar Cunha e Silva, de 68 anos, foi morto com um tiro no peito enquanto pescava em um açude dentro de uma propriedade rural na localidade de Passo do Salso. Dia 29 - Eroni Oliveira Leal, de 52 anos, foi morto durante um assalto ao seu minimercado, no Fragata.

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