quinta-feira, 8 de março de 2007

Enquanto a Guarda não vem

O cidadão pelotense não sabe o que irrita mais: os atos de vandalismo que cada vez mais são visíveis na cidade ou as desculpas e lamentações promovidas pela Guarda Municipal por não ter ao menos condições de patrulhar os próprios públicos. Dessa vez foi o novíssimo ladrilho da praça Pedro Osório, ao lado da prefeitura e próximo à Bibliotheca Pública, dois patrimônios históricos importantes para a cidade, que recebeu as inscrições "Fora Bush" e "PCML".

Chique
Para quem não sabe, a sigla significa Partido Comunista Marxista e Leninista.

Falta tudo
A fragilidade da Guarda Municipal pode ser apurada pelas próprias declarações daquele que a comanda, Paulo Bartolo. Ele afirma que o número de guardas é insuficiente e que à noite não existe infra-estrutura adequada na praça Pedro Osório para realizar as rondas.

Certíssimo
Bartolo tem razão. Sem guardas ou carros em condições, os azuizinhos servem apenas para multar os motoristas pelotenses. E olhe lá.

Educação
É evidente que os autores dessas barbaridades contra o patrimônio público e privado precisam se enquadrar nos conceitos mínimos de cidadania e, ao menos, respeitar o que é da coletividade. O problema é de educação básica - inexistente ou não-compreendida - e de punição efetiva aos depredadores a fim de inibir essas atitudes.

Ação
Mas isso só será possível com ações coordenadas com a participação da Guarda Municipal, a Brigada Militar e a Polícia Civil. Mas, para isso, é preciso antes que essas instituições parem de olhar para o próprio umbigo e passem a olhar qual o papel que desempenham na comunidade. Essa é, sem dúvidas, a maior dificuldade.

Tudo bem
O que fazer, então? O de sempre. Se lamentar e correr atrás do prejuízo. Placas de bronze da Bibliotheca já foram furtadas, estátuas foram depredadas e até um posto de saúde foi atacado pela marginália. E assim vamos.

Celular
A Comissão de Constituição e Justiça do Senado aprovou ontem projeto de lei que torna o uso de celulares por detentos falta grave, o que impediria reivindicar benefícios, como a progressão da pena. Melhor do que isso: pune com pena de três meses a um ano de prisão os diretores de presídio que facilitarem a entrada dos aparelhos nestes estabelecimentos.

Finalmente
Bem, ao menos, depois de muito pensar, alguém teve a brilhante idéia de punir os diretores de presídios pelo uso do celular dentro das celas. É fato que, se existem as revistas - algumas até humilhantes para as mulheres - só entram celulares, drogas, armas e outros objetos proibidos se houver conivência dos responsáveis. Para estes, a mesma cadeia dos criminosos.

Inútil
É dinheiro público gasto à toa a instalação de equipamentos que impedem a conversação telefônica por celular dentro dos presídios. Se os celeulares não podem entrar, fica difícil compreender os motivos pelos quais tais equipamentos são necessários.

Só se for...
A possibilidade da colocação desses equipamentos só é aceitável se for tida como fato consumado a instituição da corrupção dentro dos presídios. Ou seja: se é impossível impedir que carcereiros deixem entrar todo tipo de coisa nos presídios, a única opção é que se montem esquemas alternativos para justificar a inoperância. Para a alegria dos fornecedores.

Importante
O importante, porém, é que a partir de agora, por bem ou por mal, deverá ocorrer uma gradativa diminuição do número de celulares apreendidos nas cadeias. Ou porque coincidentemente não encontrarão mais nada, ou porque a revista será mesmo para valer, o que deve ser visto com muito ceticismo.

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