sexta-feira, 30 de março de 2007

Fabuloso

A fabulosa idéia do folclórico vereador pelotense Cururu Insaurriaga (PV) de propor um desconto de 50% nas contas de água daqueles que a recebem escura há mais de três meses é uma piada de mau gosto. De acordo com ele, a população paga pela água limpa, e não suja. OK. Pelos cálculos de Cururu, a água, então, está meio limpa. Ou meio suja. Ou meio contaminada. E quem bebê-la, poderá ficar meio adoecido. Me poupe.

Gênio
A bobagem proposta por Cururu teve seis adeptos, que a aprovaram, contra quatro vereadores que a rejeitaram. Na prática, o que Cururu e seus colegas aprovaram é o seguinte: reduz-se a tarifa de água e tudo fica bem. Como se os problemas fossem apenas o excesso de água consumida para que ela clareie antes de ir à boca ou ao banho do cidadão. Gostaria de saber de onde o Cururu tirou esse índice de redução das tarifas. Com que base ele pode sustentar que essa diminuição da conta de água reduz em igual medida os prejuízos e os riscos à saúde. Esse entendimento lateral sobre o assunto é perigoso. Trata-se de saúde pública, em primeiro lugar. A questão econômica é secundária, mesmo porque dificilmente algum pelotense terá algum valor ressarcido por ter consumido em demasia. O documento vai agora ao Executivo.

Impressionante
É impressionante que uma Câmara Municipal tenha espaço para tanta irresponsabilidade e demagogia. Se a água está suja, e, em alguns locais, contaminada pelo excesso de manganês, que se trate do problema com profissionalismo e esqueça-se a política - até porquê para fazê-la bem por aqui é preciso comer ainda muito feijão. Não é a redução da tarifa que vai limpar a água e descontaminá-la. E isso, esses responsáveis sabem muito bem.

Aliás
Seria interessante que o Sanep faça uma declaração pública, oficial, sobre os problemas que atingem a água que o pelotense bebe. O alto teor de manganês detectado, de 0,3 miligramas por litro d´água é muito superior ao máximo admitido pela portaria 518, de 25/03/2004, que é de 0,1 miligrama/litro.

Escamotear
Minimizar o problema é um crime contra o cidadão. Caso o diretor-presidente do Sanep Ubiratan Anselmo não saiba, é bom se informar que o excesso de manganês é tóxico e pode provocar anorexia, fraqueza, apatia, insônia, excitabilidade mental, dores musculares, problemas no sistema nervoso central e, nos casos mais graves, até Mal de Parkinson.

Parado
O que o promotor público Paulo Charqueiro fala sobre isso? Que se o Sanep terá de indenizar as famílias. Isso se aplica nos casos de doença que eventualmente possam ocorrer? Espero que alguém seja responsabilizado por isso.

Brinde
Gostaria de ver o prefeito Fetter Jr. , o vereador Cururu, o promotor Charqueiro e o diretor-presidente do Sanep, Ubiratan Anselmo, fazerem um brinde com água das torneiras das casas atingidas - e beber até o fim. Garanto que consigo taças de cristal da Bohemia para o evento.

Até quando?
Até quando o cidadão pelotense vai suportar sem reagir tudo isso?

Mais um
Um novo veículo, desta vez um Santana, placas ILI 3098 - Brasil - , se junta à frota daqueles que não possuem qualquer identificação e ficam parados em frente ao prédio da Justiça Federal, na rua XV de Novembro, no centro de Pelotas.

sexta-feira, 16 de março de 2007

Fraqueza

O líder do MST Adelar Pretto afirma que faltou conscientização dos assentados quando aceitaram produzir madeira para a Votorantim Celulose e Papel. De acordo com ele, as famílias de Novo Pedro Osório "fraquejaram" e plantaram mudas de eucalipto, em desobediência explícita à orientação ideológica do comando do movimento. Naturalmente que a leitura dessa "desobediência" pode ser compreendida como a fraqueza do próprio MST em conquistar e manter seus seguidores. Na prática: hoje, o MST tem a força que diz ter? Bem, e o quê o movimento pretende agora? Por coerência, deveria invadir essas áreas, tomá-las dos traidores e plantar chuchu no lugar da árvore da discórdia.

Conversa mole
Ora, o lampejo capitalista dessas famílias é uma reação à falta de perspectiva de garantias de renda desse pessoal. Assentar por assentar, sem que se tenha um mínimo de estrutura para que essas famílias possam ao menos praticar uma agricultura que gere sua subsistência, é a falha mais gritante do sistema. O que acontece, na grande maioria das vezes, é que o latifúndio considerado improdutivo se transforma em minifúndios efetivamente improdutivos. E, por isso, sempre à mercê de espertalhões. De todo tipo.

Regalias
Dar terras a quem não tem como produzir é demagogia. Evidentemente que a questão agrária no país é caótica, mesmo porque a fiscalização - aliás, como toda fiscalização - é, na melhor das hipóteses, totalmente inexistente. Na pior, todos sabemos como funciona. Não basta apenas dar a terra. É preciso financiamento para seu preparo, para as mudas, para a colheita. É claro que isso sai do bolso público. Não se trata, também, de demonizar esse financiamento, que, dentro das normas, é acertado. É preciso que o governo compreenda que o país é feito de cidadãos que precisam, em igual medida, de condições iguais de competitividade.

Semelhança
Se, no campo, existem situações que precisam ser reavalidadas, como é o caso dos latifúndios inegavelmente improdutivos e do estabelecimento de canais que permitam o assentamento de agricultores nessas terras com uma perspectiva de melhoria de vida e de produção - e não de favelização do campo, que é o que se tem visto em grande parte dos assentamentos, é igualmente verdade que na cidade a situação é a mesma.

MST
Seria o caso de lançar o MST (apenas uma coincidência), ou seja, o Movimento dos Trabalhadores Urbanos Sem Trabalho. E aí, pedir ao governo financiamento para projetos de geração de renda. Viveríamos, então, todos felizes e satisfeitos.

quarta-feira, 14 de março de 2007

Má fé 1

O Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) e os assentados do município de Pedro Osório tentaram jogar para a mídia - diga-se opinião pública - que a retirada das mudas de eucaliptos plantadas em 100 alqueires naquela localidade era um protesto contra o cultivo da planta, e a Votorantim, que patrocinou, de certa forma, o arvoredo. Balela: a determinação para que as plantas fossem retiradas partiu do Incra, fundamentado em procedimentos que exigem que os assentamentos se dediquem à agricultura familiar. Como ali a plantação era uma espécie de arrendamento e de árvore considerada exótica, a fiscalização - previamente informada há três semanas - encontraria 100 alqueires de irregularidades. É a fome com a vontade de comer. E o MST aproveitou para armar o circo.

Má fé 1
Os assentados conseguiram - e ainda não se tem uma posição oficial de quem - empréstimos para plantar a árvore da discórdia. O dinheiro para o plantio ilegal pode ter origem na própria Votorantim, intermediada por um banco comercial, ou até mesmo do BNDES. Ninguém até agora assumiu diretamente o empréstimo dessa grana - que também não se sabe quanto. Só o aval, que veio do Programa Poupança Florestal.

Má fé 3
No entanto, os assentados já informaram que não vão pagar o empréstimo que contraíram com o pensamento no lucro futuro. Conforme declarações de um deles à TV, a Votorantim os enganou. Ora, santa ingenuidade! Será que ninguém leu o contrato para eles? Será que os valentes integrantes do MST precisam desse paternalismo para poder decidir o que é certo ou errado, de acordo com a lei? Será que, qual os incapazes, os assentados precisam de tutela para compreender o teor do que assinam? Evidentemente não se trata de defender os interesses da Votorantim ou de qualquer outra empresa. Se trata de ler, compreender e ter como critério básico de caráter cumprir com a obrigação que se comprometeu a executar.

Má fé 4
A Votorantim, com todo o seu departamento jurídico, não sabia que era impossível que se plantasse eucaliptos no assentamento?

Má fé 5
Os dirigentes do MST não deram assessoria aos assentados e explicaram, tintin por tintin o que era possível fazer com as terras que ganharam? Não informaram que eles, MST, discordam do plantio de eucalipto no pampa? Será que esse pessoal de Pedro Osório é uma dissidência no movimento?

Má fé 6
Espera-se que nenhum órgão oficial não tenha nada a ver com isso. Seria frustrante perceber que o dinheiro público foi utilizado para financiar uma plantação ilegal e mais, que esse dinheiro corra o risco de nunca mais voltar.

Má fé 7
Êta brasilzinho esse, hein?

Chapa branca

Uma Blazer preta, modelo Advantage, placas Brasil INN 7303, sem qualquer outra identificação, estacionou ontem, por volta das 12h30 - e permaneceu por boa parte da tarde - em frente à Galeria Zabaleta, na rua XV de Novembro, no centro de Pelotas. Não é a primeira vez que isso acontece. Um doce pelotense para quem adivinhar a qual instituição o veículo pertence.

Normal
Assim como a Blazer preta, uma caminhonete Mitsubishi L200, branca, placas Brasil ILO 2756 estaciona quase que diariamente em frente ao prédio da Justiça Federal, na rua XV de Novembro, no centro de Pelotas sem qualquer identificação.

Hummm
Carros com placas oficiais sem identificação de onde pertencem deixam sempre margem a dúvidas. Mesmo porque, salvo casos excepcionalíssimos, esses veículos oficiais têm de estar devidamente identificados. E mais, devem ser utilizados apenas quando a serviço. Quando isso não acontece, é mau sinal. Aliás, péssimo. O que será que os ocupantes desses veículos têm de especial que não podem ser identificados?

Mais iguais

A decisão do presidente da Câmara, deputado Arlindo Chinaglia, do PT paulista, de colocar em pauta a proposta de emenda constitucional que estende a abrangência do foro privilegiado para ex-autoridades processadas criminalmente é de um oportunismo ímpar. Crime é crime. E ninguém é obrigado a cometê-lo, seja lá em nome do que for. Ainda mais ocupantes de cargos públicos, cuja responsabilidade é ampliada pelo exercício do poder. Chinaglia, ao que parece, se inspirou em George Orwell. Primeiro, em 1984, no instante em que reformula o que afirmava em 2002, quando se opôs à mesma proposição feita pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso . E agora, em A Revolução dos Bichos, na qual adaptou o último dos últimos mandamento da Fazenda dos Animais: "Todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais que os outros". Se o projeto for aprovada o projeto, os processos criminais de ex-autoridades tramitarão no Supremo Tribunal Federal. O que, convenhamos, é um benefício para os mais iguais.

Palimpsesto
Política é assim. O que se fala hoje, esquece-se amanhã. Ou pior, transforma-se em outra fala, numa outra escrita, como um palimpsesto eterno cuja nova ordem é sobreposta à antiga sem qualquer pudor.

Atenção
A aprovação desse projeto tem destino certo.

É pau
Trinta e quatro famílias de assentados arrancaram hoje, em Matarazzo, município de Pedro Osório, no sul do Rio Grande do Sul, mudas de eucaliptos que haviam plantado em suas propriedades. Incentivados pelo Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST), eles se aliam à idéia de que o eucalipto, planta considerada exótica por ser nativa da Austrália, é um mal a ser combatido nos pampas.

Conversa mole
Temos aí alguns problemas. Primeiro, os assentados plantaram eucaliptos para a Votorantim, a atual arquiinimiga do MST e da Via Campesina, ao lado da Aracruz Celulose (basta lembrar a covarde destruição completa de um laboratório de pesquisas da Aracruz há um ano por mulheres da Via). Se plantaram, é porque receberam uma contrapartida que lhes conviesse. Nesse momento de euforia pelo negócio realizado, nenhum dos assentados lembrou que o licenciamento fornecido pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) só permite projetos de agricultura familiar e exlui o plantio de árvores como o eucalipto, por exemplo.

Espantoso
Ao mesmo tempo, é de se espantar que assentados que lutaram por terras e pelo direito de produzir alimentos nelas tenham espaço disponível para plantar a árvore da discórdia. Ou não plantaram nada - e aí o programa de assentamento mostra sua falha mais gritante, que é o assentamento de pessoas que não têm a menor condição de levar um alqueire de terra adiante sem que sejam preparadas para isso - ou consideraram que o plantio de eucalipto era a solução mais prática e econômica para a manutenção dessas propriedades.

Cartilha
De qualquer maneira, o grande pai MST se ocupou de colocar o trem no trilho novamente. Chamou às turras os assentados e mandou que arrancassem as plantas. E mais, transformou o ato num evento midiático, com hora marcada e tudo.

Discussão
A proposta de plantar eucaliptos no pampa está longe de ser unanimidade, mas também está distante de ser um mal total à ecologia gaúcha. O pampa, assim como está hoje, nem sempre foi assim. Ele foi moldado às necessidades dos momentos. Da mesma forma, é de se analisar a conveniência da plantação de eucaliptos - naturalmente dentro de um projeto tecnológico que minimize qualquer dano ambiental - para as necessidades desse momento, e dos futuros também. Essa discussão precisa, como todas, ser mais técnica e desapaixonada para que a razão consiga sinalizar ações. Ações das quais não nos arrependamos depois. Existe dinheiro e destino em jogo.

terça-feira, 13 de março de 2007

Privada, mas é pública

A Bibliotheca Pública Pelotense não é pública.

Só no nome
É, o nome engana, mas é a mais pura verdade. A instituição é privada. Privadíssima. E deve receber R$ 44,647 mil da prefeitura de Pelotas. Isto é, se a doação for aprovada pela Câmara. Alguém duvida que isso não aconteça?

Entre amigos I
A Bibliotheca é privada. Mas tem entre os dirigentes pessoas ligadas à Fundação Simon Bolívar.

Entre amigos II
A mesmíssima Fundação que já não recebe mais os pagamentos de contratos firmados com a UFPel por decisão do Tribunal de Contas da União por suspeita de irregularidades.

Minúsculo
O mundo é pequeno mesmo, não?

Bestial

Torcedores arrancaram um vaso sanitário de um dos banheiros do estádio do Santos Futebol Clube e jogaram sobre a arquibancada durante a partida contra o São Paulo, no último domingo. Por sorte, ninguém saiu ferido, mas a audácia ocorreu mesmo com a vigilância de policiais militares encarregados de proporcionar segurança a torcedores não tão bárbaros.

Falha
É certo que alguns intercomunicadores falharam porque as baterias terminaram antes mesmo do primeiro tempo da partida, mas isso não serve de desculpa para que nenhum policial tenha visto toda a ação. Faça o teste: tente retirar um vaso sanitário do banheiro de casa e transportá-lo até a rua. Certamente algum vizinho irá estranhar a cena.

Idéia
Intrigante, porém é a sugestão do comando da Polícia Militar de Santos: a partir de agora, seria bom retirar os vasos sanitários restantes dos banheiros destinados aos torcedores. A idéia, de pronto, foi aceita pela diretoria do clube. A conclusão que consigo chegar é de que boas idéias são contagiantes.

Excelente idéia

Imaginar a lógica que moveu o comando da Polícia Militar santista é um exercício infinito. Ora, se o problema dessa violência é o vaso sanitário, que se acabe com ele, então. Da mesma forma que, se num acesso de raiva, os torcedores arrancarem um portão, que se acabe com o portão. Ou, se existem gatunos para bater carteiras, que se acabem com as carteiras. E por aí afora.

Polícia, para que precisa?
Essa atitude folclórica da Polícia Militar paulista é parte integrante de um raciocínio mambembe sobre segurança pública que está inserido na corporação. Ou seja, é melhor decepar os dedos para que não se roubem os anéis.

Comodismo
A esquizofrenia entre interpretar o que é ação vigorosa dentro dos limites restritos da lei e ações que fogem a esse preceito impedem atitudes que garantam, de fato, a segurança seja lá onde for. Na prática, esse blá, blá, blá corresponde a interagir com a marginália em igualdade de condições. Para, ao menos, devolver o respeito aos homens da lei. E escapar da velha máxima do comodismo, aplicada com todos os seus contornos e mesclada com uma corrupção incomparável na maioria dos estabelecimentos policiais do país.

Chororô
Culpar a estrutura policial também é de uma falta de imaginação irremediável para a falta de inteligência. E, para potencializar a falta dessa, a mais desabrida corrupção. A qualidade primordial - e a que mais falta - à polícia como um todo é a incorruptibilidade. Esse ingrediente supre todas as deficiências policiais.

Ora vejamos
É notoriamente sabido que existem pontos de tráfico com endereço e CEP por qualquer criancinha em qualquer ponto do país. Toma-se alguma atitude? Evidentemente que não. Em São José do Rio Preto, em Santo André e em Pelotas, por exemplo, existem verdadeiros shoppings que comercializam produtos piratas e sem qualquer procedência sob a luz do sol. Milhares de consumidores frequentam esses locais sem que a polícia faça seu trabalho. Aliás, em Pelotas, a Polícia Federal observa a movimentação do shopping das janelas de seu prédio, que fica do outro lado da rua. Algum policial vê alguma coisa?

Ou seja
A polícia não faz o básico. E, portanto, deixou crescer um esquema que hoje tem conexões muito mais intensas e duradouras com personagens que têm influência muito grande na sociedade. Imaginar que vereadores possam ser contra os camelôs irregulares é uma utopia. Imaginar que o tráfico de drogas é feito a partir de pés-de-chinelo é um ultraje ao cidadão, sempre à mercê de balas perdidas. Tem gente grande na linha.

Censor
Em Pelotas, elementos que trabalham em delegacias escondem deliberadamente boletins de ocorrência a fim de que a imprensa não tenha acesso a eles. Atitude estranha, avessa à origem do boletim de ocorrência, que é um documento de pesquisa pública e de acesso ilimitado por qualquer cidadão. A visão desses elementos é clara dentro de sua embaçada concepção de público e privado: a decisão do que se publica pertence a nós (eles, é claro).

Não Publicar
Não bastasse essa excrescência de poder não outorgado, um carimbo com a inscrição Não Publicar é batido contra o boletim de ocorrência, como um alerta e uma determinação aos boletins que se salvaram da censura prévia. Quem duvidar, compareça a qualquer delegacia de Pelotas ou à sede do Diário Popular. Exemplos não faltarão.

Pior
É claro que os boletins que se podem publicar têm ocorrências que envolvem o velho tripé preto, pobre e analfabeto. A estes, qualquer exposição é pouco. Quando um vereador é acusado pela própria mulher de agredi-la, é certo o carimbo no boletim. Da mesma forma quando pessoas ou entidades de certa relevância na cidade estão, mesmo que indiretamente, envolvidas em situações policiais. Exemplo: roubaram armários de dentro da Universidade Católica de Pelotas. No boletim, o carimbão: Não Publicar.

Liberdade de Imprensa
Ora, a imprensa livre não pode se sujeitar a esses desmandos ilegais. Delegar a esses elementos o que pode ou não pode ser publicado é conceder um poder censorial que já se mostrou, em outras épocas, tão nefasto para com a democracia.

Publicação
A publicação dos tais boletins de ocorrência é livre. A responsabilidade por estas publicações é daquele que as publica. É assim em qualquer país civilizado, e é assim no Brasil também. Qualquer atitude em contrário é uma afronta aos direitos mais básicos de informação.

segunda-feira, 12 de março de 2007

Cadela Preta

Nada agitou tanto os e-mails da redação do Diário Popular quanto a oitiva de testemunhas de acusação ocorrida hoje no caso da cadela Preta, amarrada a um carro e arrastada pela cidade por três estudantes universitários na madrugada do dia 9 de março de 2005.

Pedaços
A cadela, prenhe, foi reduzida a pedaços. Essa violência sem sentido é a mesma que levou marginais a arrastarem um garoto de seis anos no Rio de Janeiro, ou jovens a tocarem fogo no índio Galdino, em Brasília.

Ou seja
Essa violência tem como premissa a impunidade e a banalização dos atos - mesmo estes, gravíssimos, aplicados contra a própria humanidade - que apenas têm valor enquanto estão na mídia. Depois, só voltam à cena quando as luzes se voltam para algum depoimento ou julgamento ou outro holofote qualquer. Tudo não vale mais nada, e a demanda por emoções cada vez mais intensas pede sangue fresco a cada temporada. Que, por sinal, fica cada vez mais curta.

Aperitivo
Na verdade, crimes horrendos como estes servem apenas de aperitivo para o que virá depois. E sempre virá algo mais espetaculoso, mais emocionante, mais cruel e fantástico. É a vida no videogame. Só que dessa vez, os personagens são reais, e o sangue, vermelho e quente, escorre e mancha a tela do computador.

Desculpas
Encontrar desculpas como drogas ou bebidas para justificar as atitudes desses jovens é minimizar essa barbárie que adota como praxis o nihilismo ético e moral. São desculpas vencidas, que encontram guarida em advogados que compreendem a fragilidade da Justiça brasileira e a aproveitam em sua total amplitude para reduzir o crime a penas alternativas, algo como a singela prestação de serviços à comunidade. Contra a pedra, o pau.

Solução
Encontrar meios de inibir esses comportamentos é algo complexo. A punição resolve? Que tipo de punição?Pena de morte? A lei do Talião? Prisão perpétua? Como valorar a morte de um índio incendiado per seus semelhantes? Ou a de uma criança, reduzida a pedaços esgarçados contra o asfalto por sete quilômetros pos assaltantes? Ou até mesmo a crueldade contra a cadela Preta, uma entre as milhares que perambulam nas ruas de Pelotas cuja notoriedade foi conseguida por sua docilidade, oferecida de graça àqueles que a conheciam? A discussão maior deve ser colocada sobre a sociedade, num exercício sobre aquilo que se pretende para o futuro que já está aí, na esquina, à espreita de uma nova manchete de jornal.

sábado, 10 de março de 2007

Vergonha

O drama vivido pelas pessoas que necessitam de transporte por ambulâncias em Pelotas é páreo para o inferno descrito por Dante. Veículos quebrados, horas de espera numa fila interminável, descaso e humilhação aplicados contra cidadãos no momento em que mais precisam de ajuda ocorrem diariamente, sem que absolutamente nada seja feito para amenizar o desconforto dessas criaturas.

Provar o remédio
As autoridades municipais - a começar pelo prefeito Fetter Jr. - precisam acompanhar, in loco, um desses atendimentos para perceber que muita coisa ainda precisa ser realizada na cidade antes que se possa pensar em perfumarias. Só assim, quem sabe, se terá uma idéia exata do que é prioridade ou não. Além disso, é uma excelente oportunidade para que os vereadores entendam que, no momento, a aquisição de laptops para poder acompanhar reuniões na prefeitura, como afirmou o presidente da Câmara, Otávio Soares, são plenamente dispensáveis.

Retórica
E não adianta dizer que o orçamento da Câmara é distinto daquele executado pela Prefeitura,e, portanto pode ser utilizado integralmente pelo Legislativo. De fato, é, mas, por lei, o excedente do duodécimo - dinheiro que o Executivo repassa ao Legislativo - é devolvido à Administração. No ano passado, o troco fo de cerca de R$ 1 milhão. Dinheiro suficiente para melhorar muita coisa na cidade.

Portanto...
Assim, quanto mais a Câmara for sensata em seus gastos, mais recursos serão devolvidos à Prefeitura.

Problema
No entanto, cobrar bom senso da Câmara é exigir demais. O próprio filósofo Descartes já afirmava que a sensatez é o bem mais distribuído do mundo. Ninguém reclama que não a tem em abundância.

Gritaria
E não adianta berrar que sou contra a informatização do Legislativo. Não sou. E também não sou contra a informatização de qualquer setor que possa trazer progresso à comunidade. Mas, antes disso, é preciso dar dignidade aos cidadãos. Mesmo que para isso se tenha de voltar às velhas máquinas de escrever.


quinta-feira, 8 de março de 2007

Notebooks

O presidente da Câmara de Pelotas, Otávio Soares, sugeriu hoje, em reunião fechada com os vereadores, a compra de notebooks com acesso à Internet para os assessores dos parlamentares. A sugestão não foi aceita por todos os vereadores, que não entenderam a necessidade do equipamente num momento de corte de gastos como o que a cidade vive atualmente.

Polêmica 1
Por isso, ficou definido que cada vereador interessado em faturar um notebook terá de encaminhar ofício ao presidente da Câmara a fim de que seja realizada a compra. Já tem fila.

Polêmica 2
A necessidade de tais equipamentos precisa ser melhor avaliada e, necessariamente, ter um aval técnico que endosse a sugestão de Soares. Comprar o equipamento apenas por comprar não é uma boa prática de gestão do dinheiro público. Sabe-se que cada gabinete é dotado de computador apropriado aos trabalhos legislativos.

Polêmica 3
Naturalmente, Otávio Soares conhece a lei e sabe que a aquisição dos notebooks terá de ser feita via licitação. Se possível, com ampla divugação dos valores a fim de que os cidadãos pelotenses conheçam onde é gasto o dinheiro de seus impostos.

Identificação

Uma caminhonete Mitsubishi L200, totalmente branca, inclusive as placas Brasil ILO 2756 estaciona diariamente em frente ao prédio da Justiça Federal, na rua XV de Novembro, no centro de Pelotas.

Secreta
Sem identificação do órgão a que pertence, a tal caminhonete, supostamente da Justiça Federal, está totalmente irregular. Será que o veículo é utilizado para serviços sigilosos?

Piada
Se a falta de identificação for para essa possível prestação de serviços sigilosos, é preciso avisar a "inteligentsia" que as placas com o nome Brasil são chamativas demais.

Justiça
Saber os reais motivos pelos quais não existe identificação é um trabalho para o Ministério Público.

Enquanto a Guarda não vem

O cidadão pelotense não sabe o que irrita mais: os atos de vandalismo que cada vez mais são visíveis na cidade ou as desculpas e lamentações promovidas pela Guarda Municipal por não ter ao menos condições de patrulhar os próprios públicos. Dessa vez foi o novíssimo ladrilho da praça Pedro Osório, ao lado da prefeitura e próximo à Bibliotheca Pública, dois patrimônios históricos importantes para a cidade, que recebeu as inscrições "Fora Bush" e "PCML".

Chique
Para quem não sabe, a sigla significa Partido Comunista Marxista e Leninista.

Falta tudo
A fragilidade da Guarda Municipal pode ser apurada pelas próprias declarações daquele que a comanda, Paulo Bartolo. Ele afirma que o número de guardas é insuficiente e que à noite não existe infra-estrutura adequada na praça Pedro Osório para realizar as rondas.

Certíssimo
Bartolo tem razão. Sem guardas ou carros em condições, os azuizinhos servem apenas para multar os motoristas pelotenses. E olhe lá.

Educação
É evidente que os autores dessas barbaridades contra o patrimônio público e privado precisam se enquadrar nos conceitos mínimos de cidadania e, ao menos, respeitar o que é da coletividade. O problema é de educação básica - inexistente ou não-compreendida - e de punição efetiva aos depredadores a fim de inibir essas atitudes.

Ação
Mas isso só será possível com ações coordenadas com a participação da Guarda Municipal, a Brigada Militar e a Polícia Civil. Mas, para isso, é preciso antes que essas instituições parem de olhar para o próprio umbigo e passem a olhar qual o papel que desempenham na comunidade. Essa é, sem dúvidas, a maior dificuldade.

Tudo bem
O que fazer, então? O de sempre. Se lamentar e correr atrás do prejuízo. Placas de bronze da Bibliotheca já foram furtadas, estátuas foram depredadas e até um posto de saúde foi atacado pela marginália. E assim vamos.

Celular
A Comissão de Constituição e Justiça do Senado aprovou ontem projeto de lei que torna o uso de celulares por detentos falta grave, o que impediria reivindicar benefícios, como a progressão da pena. Melhor do que isso: pune com pena de três meses a um ano de prisão os diretores de presídio que facilitarem a entrada dos aparelhos nestes estabelecimentos.

Finalmente
Bem, ao menos, depois de muito pensar, alguém teve a brilhante idéia de punir os diretores de presídios pelo uso do celular dentro das celas. É fato que, se existem as revistas - algumas até humilhantes para as mulheres - só entram celulares, drogas, armas e outros objetos proibidos se houver conivência dos responsáveis. Para estes, a mesma cadeia dos criminosos.

Inútil
É dinheiro público gasto à toa a instalação de equipamentos que impedem a conversação telefônica por celular dentro dos presídios. Se os celeulares não podem entrar, fica difícil compreender os motivos pelos quais tais equipamentos são necessários.

Só se for...
A possibilidade da colocação desses equipamentos só é aceitável se for tida como fato consumado a instituição da corrupção dentro dos presídios. Ou seja: se é impossível impedir que carcereiros deixem entrar todo tipo de coisa nos presídios, a única opção é que se montem esquemas alternativos para justificar a inoperância. Para a alegria dos fornecedores.

Importante
O importante, porém, é que a partir de agora, por bem ou por mal, deverá ocorrer uma gradativa diminuição do número de celulares apreendidos nas cadeias. Ou porque coincidentemente não encontrarão mais nada, ou porque a revista será mesmo para valer, o que deve ser visto com muito ceticismo.

quarta-feira, 7 de março de 2007

Esquisito

Como responsável por seus vestibulares - e também pelo processo seletivo do CAVG - a UFPel deveria, a bem da transparência, encontrar uma forma de realizar uma auditoria externa. A maneira que foi encontrada para investigar as irregularidades - uma sindicância aberta pela própria UFPel, não dá, pelo menos nesse momento, a credibilidade necessária às apurações.

Doce
Ganha um doce - de Pelotas - quem apostar na identificação de culpados.

Transparência
O reitor César Borges - que está na Europa - precisa dar à entidade que dirige transparência em seus atos. Ao se autofiscalizar, principalmente em situações tão embarações, dá margem a suspeitas. É preferível dar a terceiros a prerrogativa da investigação. É a melhor forma de recuperar o nome da instituição.

Justiça
O Ministério Público de Pelotas precisa acordar para o que acontece na UFPel. Com tantas irregularidades, é dever da promotoria pública abrir processo investigatório para descobrir o que acontece dentro daquelas paredes.

Intervenção
Será que todas as trapalhadas ocorridas na UFPel são repassadas na íntegra ao Ministério da Educação? Se são, é de se questionar a inoperância do Ministério, que até agora não fez nada a respeito. No mínimo, tal o teor das confusões, é necessário que se pense em, rapidamente, intervir na direção da universidade. Antes que algo pior aconteça.

A incansável UFPel

Nada menos do que três candidatos que tiraram zero na Redação no Processo Seletivo 2007 da Universidade Federal de Pelotas não conseguiram ser eliminados - como prevê o item 9.1 do edital - e estão matriculados em dois cursos - Música e Ciências Sociais, matriculados de forma provisória. A peripécia é mais uma trapalhada daquela instituição.

CAVG

Pelo menos, o processo seletivo do CAVG foi cancelado. Era aquele em que candidatos em situações iguais tiveram tratamentos diferentes. Por trás da confusão, está a UFPel.